Yes I Am C A C H A R E L

Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Ahh, Drummond, pode muitas coisas, começando pela mais importante: amar a si mesma! E a dona do Yes I Am ama, e como ama...

Um amor puro, daqueles que, como bem diz Djavan, ainda nem sabe a força que tem... E ela não sabe mesmo, mas esse amor é dela, só dela e de mais ninguém.

Dizem os astros que ela tem muito de Escorpião. E Leão... Talvez tenha, mas o certo mesmo é que ela é o que ela quiser. Porque ela pode, porque ela quer.

Faceira, se arruma pra ela: espelhos gigantes, batom vermelho, salto alto, fino, lingerie de renda, e preta, por favor, mas daquelas que  acariciam a pele...

Por cima, qualquer coisa que não seja óbvia, que não "entregue" muito. É que ela é divertida, ahhh, ela gosta de brincar, de jogar, de se jogar... E ir pra rua, pro mundo, pra vida, dançar...

E já que é pra sair, ela sai inundada de si. Se esbalda, causa e, quando dá na telha, volta maravilhosamente descomposta, mas elegantemente, pra casa. 

Ou fica, livre, sem destino, até o amanhecer, até quando bem entender.

Feito kundalini desperta, meio menina, meio mulher, ela graciosamente provoca, envolve e hipnotiza, mas, juro, nem é porque quer... Seu cheiro lembra muitos outros, e até pode ser, mas sem ser...

Framboesa suculenta com alcaçuz untuoso numa abertura açucarada, bem gourmand, levemente pontuado por uma mistura cítrica que, rapidamente, sai de cena, deixando tudo mais cremoso.

Uma sinfonia de notas florais levemente amanteigadas, sob uma nuvem de flor de gengibre vai, lentamente, trazendo equilíbrio e revelando outras facetas dessa olência. Essas, bem mais tentadoras...

O leite de cardamono, picante e cremoso, dá um calor que arrepia. Até demais, aliás.... Tem um bafejo quente, um sussurro indecente, travesso, sem pudor...

Se "pegada", mas pegada das boas, tem cheiro, é esse!

Pena que não dura muito: a brasa logo é acalmada por um sândalo mais seco, envolto numa baunilha que goteja vagarosamente, tornando tudo mais, digamos, acolhedor.

E é aí que o dulçor ganha nobreza, interessância e começa a despertar as mais deliciosas sensações... Daquelas que dominam os sentidos. Ou não. Porque só domina se, quando e onde ela quiser. Pois é!

Nada invasivo, não enjoa nem cansa, mas encanta. Não é propositalmente libertino ou luxurioso. Ao contrário: é natural e delicadamente sedutor.