Essa semana aconteceu um fato que, sinceramente, me chocou e acho que vocês acompanharam pela Tv. Em um jogo no Peru, o jogador Tinga, do Cruzeiro, foi desrespeitado, humilhado e tantas outras coisas que nem consigo dizer.
Como isso aconteceu? Simples: a cada vez que ele tinha a posse da bola os torcedores peruanos imitavam macacos.
Li algumas matérias sobre o assunto, e fiquei chocada com os comentários (dos leitores) da grande maioria delas, porque era mais que grosseria e falta de educação, era falta de civilidade mesmo, falta de humanidade. Era coisa de bárbaros, não de “gente”.
Não posso imaginar o que esse cara sentiu, o que os pais dele sentiram, o que o filho e os amigos sentiram ao verem uma pessoa querida sendo humilhada e exposta em uma partida de futebol, mas tenho certeza que, seja lá qual for o sentimento, é dilacerante.
É dilacerante porque a ninguém é dado o direito de humilhar o outro, de expor o outro, de apontar para o outro e discriminá-lo por suas características físicas.
E que ninguém me venha com a historinha de que “ah, ele é pessoa pública, é assim mesmo”, porque isso é a coisa mais idiota que eu já ouvi. Porque o fato de ser pessoa pública não tem o condão de excluir o que esse fato configura: crime. Isso é racismo, isso é discriminação, e isso, claro, é crime.
E, sinceramente, acho uma pena que em pleno 2014, o mundo já tendo passado por tantas guerras e tantos desastres, ainda seja necessário que uma norma penal tipifique algo que qualquer ser que se diz humano jamais deveria cometer.
Por onde a educação das pessoas? E em que lugar da história nós deixamos, como sociedade, de sermos o que supostamente somos, é dizer, humanos?
Falei isso aqui em casa dia desses e minha disse que “a massa não tem nem o que comer, como vai ter educação?”, e eu não concordo não, porque a educação que eu falo, e expliquei nesse post aqui (Recalque e Grosseria, os Dois Lados da Mesma Moeda), é a educação de alma, que independe de cultura ou classe social. É aquela educação que nos impede de fazer com o outro o que não gostaríamos que fosse feito conosco. É aquela educação que faz com que sejamos humanos.
Claro que eu já fui idiota muitas vezes na vida, e claro que já cometi erros, mas ainda bem que eu aprendi com cada um deles e me tornei uma pessoa melhor, e isso inclui me colocar no lugar do outro antes de fazer ou falar qualquer coisa… E isso, eu garanto, é mais “limitante” que qualquer norma penal.
É limitante porque antes de xingar alguém eu imagino como eu me sentiria sendo xingada. Pior, imagino como eu me sentiria vendo minha mãe ser xingada, humilhada, exposta… Já pensou no que você sentiria se fizessem isso com seu filho? Pois é nisso que a gente tem que pensar antes de dizer ou fazer qualquer coisa.
Porque a verdade é que nós temos a tendência de, no fundo, achar graça de tudo isso, mas expor, avacalhar, humilhar e discriminar o outro pode ser um monte de coisas, todas elas ruins, mas não é, definitivamente, engraçado.
Beijos e bom domingo!
Ju