Acho muito engraçado o “frenesi” que determinados produtos, de determinadas marcas, exercem nas pessoas, porque na grande maioria das vezes o produto não tem, visualmente, nada demais, e se estivesse em uma loja popular ninguém se daria ao trabalho de olhar, que dirá de comprar. Só que, sendo de uma marca “cara”, a peça não só passa a ser percebida como desejada e idolatrada.
Antes de continuar, alerto que não estou falando da qualidade desses produtos, porque na grande maioria dos casos isso não se discute. Meu questionamento se resume basicamente na “razão do desejo”, tá?
O que acontece na verdade é que quem deseja e compra esse tipo de produto (tô falando da “massa”), na grande maioria das vezes, não o faz pelo produto em si, mas sim pelo significado agregado, ou seja, pelo status. É dizer, você deseja aquela bolsa não porque ela é um escândalo de tão linda, mas sim pelo que ela significa, pelo sentido imaterial que a acompanha, que é, simplificando, status, luxo, reconhecimento social.
É fato que o ser humano tem a necessidade de ser aceito pelo outro e, claro, a vaidade de ser admirado, de ser “especial”, de pertencer a uma espécie de clube exclusivo, e a chave que abre as portas pra tudo isso é, pra absoluta maioria, o consumo de luxo.
A razão dessas necessidades é bem simples: é pelo olhar do outro que a nossa autoimagem se forma, porque, via de regra, acreditamos ser o que dizem que nós somos. Portanto, ao usarmos produtos de luxo passamos para o outro a imagem de “poder”, de “diferenciação”, e é com base nesse simbolismo que vamos formar a nossa identidade.
Fora isso, vamos pro óbvio: aquela bolsa de luxo, aquele relógio que custa mais que um rim ou aquela caneta que é mais cara que um carro proporcionam a ilusão de que a pessoa entrou pra uma “classe social superior”, o tal do clube exclusivo, onde temos a ilusão de que todos que ali estão têm sucesso, são amados e realizados. E é por essa razão que meio mundo de gente faz “das tripas coração” pra comprar esses produtos, mesmo não podendo, mesmo não precisando.
Veja bem, eu não tenho nada contra o consumo de luxo, adoro, aliás. A questão pra mim é bem mais simples: eu pago o preço que eu puder por qualidade, porque qualidade é o que me interessa, mas não pago um único centavo pelo valor agregado do status, porque não tenho o menor interesse em ostentar um padrão de vida que não é o meu.
E, sendo muito honesta, não são poucos os produtos de luxo que são feios de doer ou, pra dizer o mínimo, absolutamente sem graça. Aí, pra ostentar uma coisa que não tem e não é, a pessoa deixa de investir no que realmente interessa (qualidade de vida), pra comprar a “bolsa do momento” (que se fosse baratinha ela sequer cogitaria comprar…), como se aquilo fosse resolver todos os seus problemas emocionais… Sinto muito, mas na minha cabeça de jeca isso não entra, porque além de ser burro pra caramba, é de uma falta de autenticidade sim precedentes.
Enfim, a razão do post é só alertar pro tal do consumo consciente, porque uma coisa é, tendo capital cultural, comprar um produto pelo que ele proporciona em termos práticos, porque você achou incrível e tal, e outra, bem diferente, é consumir luxo pelo luxo, sem atentar para as características do produto e pelo que você pode, afinal, pagar, porque pagar por qualidade é extremamente inteligente, lógico e válido, mas pagar por “sentido imaterial (luxo, status, etc)” do que quer que seja é, na minha opinião, uma falta de bom senso enorme.
Claro que cada um faz o que quer, mas como meu dinheiro, que é suado, não aceita desaforo, acho mesmo absurdo!
Beijos
Ju