27.09.2019

Sobre Esgotamento Mental

Só hoje, depois de mais de um ano, consegui sentar aqui pra falar com vocês sobre uma coisa que pra mim era uma “fraqueza”: esgotamento mental.

Quando vasculho minhas memórias sempre vejo uma Julliana forte, que sempre fazia e dava conta de tudo, não importavam as circunstâncias.

Na verdade, o normal pra mim sempre foi ser “incansável”, dormir pouquíssimas horas por noite, virar noites estudando, passar 18 horas sentada em uma cadeira “produzindo” porque, afinal, a vida não espera.

Eu tinha (e tenho) sonhos a realizar, metas pra bater, responsabilidades e obrigações. E nunca me passou pela cabeça a possibilidade de não conseguir fazer tudo no prazo que determinei.

E não importava a que custo.

esgotamento mental

E bati muitas metas, realizei muitos sonhos, senti orgulho do quanto eu era “forte”, enfim.

O problema é que eu ainda não tinha entendido que não era uma máquina. Que existiam limites.

E aí, junto com dezenas de coisas maravilhosas que construí, veio junto uma porção de coisas que não apenas eu não queria, mas que negava.

Esgotamento Mental, prazer!

Afinal, o que poderia ser mais importante que tirar 10 em uma prova ou ter 1 milhão de acessos por mês no blog ( que logo depois foi pra 2, 3, 4, 5…), não é mesmo?

Me acostumei tanto a passar dia e noite estudando e trabalhando desde cedo que aos 30 eu mal conseguia sair de casa.

Pior: não via nada de errado. Achava ótimo, aliás, assim tinha mais tempo pra “fazer as minhas coisas”.

Meu corpo e minha cabeça com certeza achavam o contrário, e quando todos os médicos que fui repetiram que eu estava estressada, que precisava desacelerar e ter qualidade de vida achei que eles eram preguiçosos.

Porque né, “tudo agora é estresse”.

Pouco tempo depois tive falência adrenal. Era o corpo berrando. Comecei o tratamento medicamentoso mas não mudei meus hábitos.

Eu ria e revirava os olhos diante dessa possibilidade.

Aí veio a síndrome de Burnout, ” uma frescura, coisa de gente preguiçosa que fica criando desculpa e doença que não existe”.

Estava no máximo cansada, nada que uns dias de férias não resolvessem.

E até tentei tirar férias há uns anos, viajar, mas continuava trabalhando de lá.

“De repente”, com pouco mais de 30 anos, já estava repondo um monte de hormônios e tendo dezenas de sintomas. Era óbvio que a coisa não estava funcionando, mas eu não tinha tempo.

Aí comecei a “falhar”, a não conseguir dar conta de tudo. Logo depois veio uma crise de pânico. Era o calor, obviamente (contém ironia).

O tempo foi passando e no meio do ano passado tive uma viagem a trabalho. Estava em Vitória da Conquista e ia pra Brasília.

Peguei um táxi cedinho, sofri um sequestro relâmpago e passei mais de 1 hora presa em um carro. Durante esse tempo só conseguia pensar que tinha perdido o voo e chegaria atrasada pra fazer o trabalho.

E sim, peguei outro voo algumas horas depois, com 4 escalas, cheguei em Brasília as 23 h e fui direto pro local onde iria fazer a ação. E fiz, fiquei lá até as 5 a manhã.

Não me permiti sentir nada, engoli o choro, o medo, a raiva e todo o resto porque eu não tinha tempo pra isso.

E continuei empurrando com a barriga, sem conseguir dormir e sem conseguir acordar. Sem conseguir produzir. Sem me permitir viver.

A conta, ela chega!

Só que eu não só não enxergava isso como negava todos os diagnósticos possíveis.

Até um dia em que estava tão, mas tão esgotada que não consegui mais chorar. Nem levantar. Nem nada.

Ali, naquele momento, comecei a entender, ainda que superficialmente, o que estava acontecendo comigo.

E decidi, mais por medo que por qualquer outra coisa, me dar todo o tempo necessário, mesmo que isso fosse contra tudo o que eu acreditava. Me dar qualidade de vida.

E aí se passou um ano e agora sim me sinto melhor.

E muitas vezes quis sentar aqui e conversar com vocês. Falar que queria estar produzindo centenas de conteúdo o tempo todo, mas não conseguia.

Era inaceitável admitir que estava esgotada física e mentalmente, inclusive pra continuar, no mesmo ritmo, fazendo o que mais amava.

Não fazia sentido, sabe? Não fazia porque o blog me salvou de muito mais formas do que vocês podem imaginar. Mas naquele momento a única pessoa que poderia fazer isso por mim era eu.

Não foi fácil encarar minhas vulnerabilidades, não saber até onde meu corpo e minha cabeça iriam aguentar. E não era o momento, ainda, de falar sobre isso.

Não foi fácil ter milhões de dúvidas durante esse tempo e deixar de compartilhar um mundo de coisas com vocês, que sempre estiveram comigo.

Quase nada foi fácil, aliás, e tentei de todas as formas possíveis “manter a normalidade”. Não consegui, obviamente, mas fiz o que pude, tenham certeza disso.

E precisava, realmente, estar comigo. Me reencontrar, reconhecer, reconectar e, sobretudo, estabelecer limites. Enxergar uma Julliana além do trabalho e das obrigações. Aceitar me sentir cansada, compreender que tava faltando vida em mim, pra mim.

“Acho” que aprendi. E é bom que tenha aprendido mesmo porque não quero viver isso nunca mais.

E se posso dar um conselho a você é: se dê tempo, tempo pra viver, pra ser você. Respeite seus limites, vá com calma, o mundo não acaba hoje não…

E respeite o tempo das pessoas. Você não tem ideia do que pode estar acontecendo na vida do outro.

No mais, é isso. Tô de volta, tô me sentindo pronta pra isso. Com todo compromisso do mundo com vocês, mas com muito mais leveza. Como deve ser.

Amo vocês!

Beijos, Ju♥

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32 comentários
  1. Luciane Miranda  27/09/2019 - 16h14

    Ju amada!
    Você em primeiro lugar sempre…

  2. Lizandra  27/09/2019 - 16h52

    Lindo texto Ju :)
    imagino que tenha sido muito difícil, até mesmo pq você tem essa imagem pra nós, que você é sempre forte, sempre capaz, sempre super mulher, imagina o quão difícil foi não transparecer sua “fraquesa” aqui.
    Que bom que você se sente melhor, acredito que sua casa nova tenha ajudado bastante a “se cuidar” “se mimar” do seu jeitinho. Amo você, obrigada pelo texto, percebi que esta na hora de frear aqui também.

    • Ju  29/09/2019 - 15h31

      Li, então… Eu sempre fui muito forte, não tive outra opção.Mas a verdade é que todo mundo tem vulnerabilidades, todo mundo é humano, nesse ponto todo mundo é exatamente igual. E que bom que é assim, né?
      Aprender a lidar com essas vulnerabilidades também foi um processo, mas foi necessário…
      E sim, td isso ajudou bastante!
      E segura aí, freia, não deixa chegar no extremo não!
      Um beijo enorme!

  3. Juliana Bravo  27/09/2019 - 17h42

    É isso aí Ju, se cuidar, respeitar seus limites, se amar em primeiro lugar. A gente tem q dar um breque mesmo, ta tudo muito corrido, cansa. Se cuida mesmo pq vc é muito, muito importante pra mim, está entre as minhas poucas melhores amigas “próximas”. Te ouço, rio com vc e com os filhos, amo todos Oro por vcs e pra q sempre tenham paz! Bj

    • Ju  29/09/2019 - 15h28

      Juuuuu minha linda, muito obrigada sempre! <3 <3 <3

  4. Daniele Sanna  27/09/2019 - 18h33

    Ju , adoro te seguir ! Por mim seria sua vizinha ! Ahahah
    Sobre esgotamento mental e físico , as vezes me sinto assim Ju…
    Mas entrar no seu blog ou Instagran me renova !!Beijos mulher guerreira!

    • Ju  29/09/2019 - 15h27

      Daniiii, bora resolver essa vizinhança logo! hahahah
      E que bom saber que aqui e no insta vc encontra coisas que te renovam <3

  5. Lidy Pinheiro  27/09/2019 - 20h47

    Como eu queria estar perto de você agora pra te dar um abraço tão apertado. Queria ser mais próxima de você, pra poder dividir essas coisas comigo, me dói saber que vc passou por tudo isso. Dói mesmo.

    • Ju  29/09/2019 - 15h27

      Lidy, minha linda, obrigada pelo seu carinho e pelo tanto de energias boas que, tenho certeza, tá me mandando daí. Faz muita diferença! <3

  6. Veronica  27/09/2019 - 21h14

    Juh,
    Quando não damos espaço para sermos por completos, o conjunto todo, nossos fatos biológicos e psicológicos, ou nos anulamos a tal ponto, que passamos a ser estranhos, com uma vaga memória do que é ser e não só existir, ou transbordando e perdemos grande parte da substância da qual fomos feitos. Que bom que você não chegou a nem um dos extremos. Recebeu a todas as mensagens possíveis e até drástica e soube parar há tempo de se reencontrar. Fico tão feliz por você estar melhor. Um beijo.

    • Ju  29/09/2019 - 15h28

      Falou TUDO!
      E muito, muito obrigada! <3

  7. Kelma  27/09/2019 - 21h25

    Ju, falou TD!! Tudo tem limite na vida e precisamos respeitar nossos limites!! Obrigada por compartilhar sua história

    • Ju  29/09/2019 - 15h26

      Isso mesmo, Kelma, precisamos!

  8. Taiana Sarmento  27/09/2019 - 23h34

    É minha amiga, eu queria tanto conseguir párar agora, prestes a completar 36 anos, tenho um emprego financeiramente falando bom, porém hj na não sou uma profissional feliz como quando entrei em Ago/2009. São 10 anos. A cabeça estafada, a insatisfação profissional chatona, depressiva, tomo hoje uns 4 remédios e uma vidinha bem sem sentido. Amiga, fico feliz em saber que Papai do Céu lhe abençoo com a opção de viver melhor (morar numa casa linda, um lar de desenho animado), e poder fazer suas leitoras mais felizes. Vc abre nossa cabeça a querer buscar a felicidade com suas dicas cheia de amor. Te no Ju.Bj

  9. Viviane  27/09/2019 - 23h53

    Linda!

  10. Vivian Vieira Arrabal  28/09/2019 - 01h07

    Que bom vc deu a volta por cima.

  11. Fabiana  28/09/2019 - 01h25

    Sempre perfeita nas palavras, sempre tendo o melhor ponto de visão!
    E é assim mesmo que eu vivo hoje: “o mundo não acaba hoje não”. Um dia de cada vez. ❤️

    • Ju  29/09/2019 - 15h24

      É exatamente isso, Fa, a gente se cobra demais…

  12. Cíntia  28/09/2019 - 11h49

    Me identifiquei muito com o seu relato. Fique bem! Talvez só tenhamos essa vida pra aproveitar.

  13. Regina Ribeiro  28/09/2019 - 21h40

    Ode ao recomeço!

  14. Janaina  28/09/2019 - 22h17

    Ando mais ou menos nessa vibe de trabalhar intensamente, loucamente… e vou dizer, já sei que não vale a pena… há certos períodos que exigem da gente, mas vou te dizer, conviver com extremo cansaço e exaustão acaba por consumir e minar a nossa vida. Pelo menos é assim que tenho me sentido. Que bom que vc encontrou o equilibrio Ju… espero tbm encontrar o meu.

    • Ju  29/09/2019 - 15h26

      Jana, é bem isso!
      A gente vai indo e nem sente, e muitas vezes não tem muita opção. Mas uma hora o corpo e a mente cobram…
      Torcendo por você! <3

  15. Natalie  29/09/2019 - 22h31

    E aí, que a gente (no caso, eu) lê todo o post, dá um nó na garganta e se enxerga em vários (pra não dizer todos) os parágrafos, pontos e vírgulas.

  16. Heide Luciana Lobo  30/09/2019 - 08h45

    Ju, este tema é muito importante de ser abordado, pois sempre achamos que só acontece com o outro. Nunca paramos para analisar nossa vida, “ler” nosso corpo e perceber os sinais que ele transmite.
    Felizmente, nunca passei por isso (de tentar fazer tudo ao mesmo tempo e a qualquer custo), mas tenho pessoas a minha volta que são assim.
    Parabéns pela percepção, por estar focada em sua saúde física e mental e, principalmente, por ter a coragem de assumir e se expor publicamente sobre um assunto “delicado”.

    Te admiro muito S2. Bjos…

  17. Amanda  30/09/2019 - 12h48

    Cada palavra deste texto faz tanto sentido para mim…
    Fico repetindo para mim mesma: é só uma fase…vai passar… vai ficar tudo bem…
    Mais me sinto assim como você descreveu.

    Um abraço bem apertado Jú!
    Você é luz!!!

  18. VERÔNICA FERREIRA  30/09/2019 - 21h43

    Jú, ler seu relato me fez ver que somos falíveis, que precisamos parar, que temos que ter tempo para tudo, inclusive para descansar!!!
    Você lembra que meu celular tem um alarme às 21h (despertou quando estava aí na sua hahahaha)? Coloquei a etiqueta ” Hora da leitura”, na verdade era um lembrete de que era a hora de parar de trabalhar, trabalho quase todos os dias da semana em casa, para mim é muito difícil dividir o tempo, o meu expediente de trabalho, quando via estava entrando pela madrugada, com a cara no computador trabalhando, dormia mal, tinha pesadelos com trabalho, o meu celular não parava de chegar mensagens e ligações de clientes a qualquer hora do dia e qq dia da semana, ISSO ESTAVA ERRADO, muito errado, e me irritava imensamente!
    Precisei ter um principio de pânico com crise de choro para dar um basta!
    Estou em fase de adaptação ainda, mas já sinto muitas mudanças e melhoras.
    Obrigada por partilhar conosco suas experiências que sempre nos acrescentam muitoooo.
    Você não faz ideia do quanto é importante e querida para mim. Love you. Veka

  19. Daniela  02/10/2019 - 15h13

    Ju, vi seu blog por causa de post de lipoenzimatica e estou amando ler as postagens, parabéns! Gostaria que você me tirasse uma dúvida: estou avaliando fazer a enzimática ou tradicional na papada, como está seu resultado após 2 anos? Realmente fez muita diferença e permaneceu assim?
    Obrigada.

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