18.09.2016

Sobre o Que as Marcas Não Entendem…

Esse título é uma “adaptação” do título de um capítulo do livro da Jout Jout, que já resenhei por aqui (leiam, é muito legal!), e ela aborda a questão da publicidade, mas existem muito mais coisas que muitas marcas não estão entendendo e eu preciso falar (matraca, né?rs).

O meu público, que semana passada chegou em 4 milhões por mês, é composto majoritariamente por mulheres acima de 25 anos. Mais de 70% desse público tem entre 25 e 44 anos, o que prova, por si só, que não, o público dos blogs não é apenas adolescente.

Tem muita mulher adulta na internet. Tem muita mulher adulta que entra no blog todos os dias, que busca informação e produtos para o seu tipo de pele e cabelo, que quer, enfim, novidades que se encaixem na sua vida.

Contudo, e isso ficou muito mais claro pra mim na Beauty Fair, a grande maioria das marcas, por algum motivo, ignora esse público e foca apenas no público mais jovem.

marcas-que-não-entendem

Existe problema em focar no público mais jovem? De forma alguma, é essencial que isso ocorra. O problema é o tal do “apenas”.

Me deu uma agonia enorme ver uma marca copiando outra com embalagens extremamente parecidas, todas com aquela pegada “retrô colorida” ou “engraçadinha colorida”. Muita cor, muita informação e pouca personalidade, sabe como é?

Tudo muito igual, tão igual que fica difícil diferenciar a embalagem de uma marca da de outra, e todas,  e aqui tô falando muito mais em relação as marcas de produtos de cabelo, notoriamente focadas no público mais jovem.

Se fossem só as embalagens, ok, mas não. A grande maioria dos lançamentos foi pra um tipo específico de cabelos, o meu natural (que é ondulado/cacheado), o que é uma maravilha por um lado, porque por muitos anos nós não tivemos nada, mas é péssimo por outro, porque não existe só um tipo de cabelo no mundo.

Eu tenho leitoras com todos os tipos de cabelo e quero poder apresentar coisas interessantes para todas elas, só que, com raríssimas exceções, não vi essas coisas na maior feira do setor, assim como não tenho visto nas prateleiras ultimamente.

Não vi quase nada para cabelos loiros, ruivos ou coloridos, embora mais de 75% das mulheres pintem os fios regularmente.

Da mesma forma, senti falta de lançamentos para quem faz progressiva ou alisamentos (que condeno faz tempo, mas acho essencial que tenham produtos para quem opta por esses procedimentos), para cabelos lisos, oleosos (35% das brasileiras têm cabelos oleosos), mistos e por aí vai.

Encontrei lançamentos incríveis para as cacheadas e tenho certeza que meu público com esse tipo de cabelo vai amar, assim como eu amei. Mas, e para as outras, eu mostro o que?

Numa época em que todo mundo já sabe que representatividade é essencial, vocês optam pela representatividade seletiva? Vocês insistem em focar em uma coisa só e deixar todo o resto de fora, é isso?

Porque se não é essa a ideia, preciso deixar bem claro que, ainda que não saibam, é exatamente isso que vocês estão fazendo, e a gente já percebeu.

Eu falo para e com todas as mulheres e, como disse lá no Instagram, se você não faz o mesmo, a menos que seja de um nicho específico, você não representa nenhuma de nós.

E, bom, se você não nos representa, não existe razão pra que os seus produtos sejam consumidos por nós, não é mesmo?

E, falando nisso, cadê as maquiagens para peles mais velhas? Bases que não marquem linhas e rugas, que não deixem os poros tão evidentes? E isso sem falar, claro, em produtos que aguentem no calor, coisa que já cobrei nesse post aqui e que 100% das minhas leitoras concordaram.

No quesito produtos faciais, vejo sim muitos lançamentos interessantes, mas me parece meio fora do contexto que uma menina de 20 anos, por exemplo, apareça num comercial de produtos para peles envelhecidas. Que meninas de 18 falem sobre os efeitos firmadores e rejuvenescedores (!!!) maravilhosos de produtos indicados para mulheres de 30, 40, 50 anos.

Sério, onde vocês estão com a cabeça? Como vocês fazem produtos pra um determinado público e não se comunicam com esse público? Que estratégia sem lógica é essa? Tem algo de errado aí, sinceramente…

Assim como tem algo errado em apresentar uma proposta comercial com a exigência de que o meu cabelo esteja sempre cacheado porque, e esse é o problema, essa é a “moda do momento”.

Se eu não sou a mesma todos os dias, porque o meu cabelo tem que ser? Não tem nem vai ser, porque o meu compromisso, desde o início, foi escrever para todas as mulheres, com todos os tipos de cabelo, e esse é um compromisso que vou manter até o fim.

Enfim, eu, como consumidora, acho que tem muita coisa que precisa ser “revisada” nisso aí, e quero saber o que vocês, meninas, acham!

Ah, e obrigada a Embelleze pelo convite pra Beauty Fair. E obrigada, mais ainda, por terem colocado ali meninas de todos os tipos, de idades diferentes, cabelos diferentes e regiões diferentes. É assim que deve ser!

Beijos, Ju♥

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