22.06.2013

É um Direito Meu. E Seu Também!

Quando eu ainda estava na escola, e lá se vão mais de 13 anos, ouvi, num debate de literatura sobre o Rubem Fonseca, mais especificamente sobre o livro Intestino Grosso,  um diálogo que muitas de vocês já devem ter ouvido:

-Já ouvi acusarem você de escritor pornográfico. Você é?

-Sou, os meus livros estão cheios de miseráveis sem dentes.

acorda brasil

Pornografia pra ele, assim como para muitas pessoas, não era o óbvio, mas era sim a realidade social que massacra e que mata. A mesma coisa, no meu ponto de vista, se aplica a violência.

Eu não sou a favor da violência, e ninguém em sã consciência seria. Eu não sou a favor da destruição do patrimônio público e privado, eu não sou a favor de atos de vandalismo, bem como não sou a favor de qualquer ato que viole a integridade física das pessoas.

vem pra rua

Mas eu também não sou a favor de nada que viole a dignidade humana, valor máximo garantido pela nossa constituição e conteúdo mínimo a ser garantido por um Estado de Direito.

E o que é que nós temos e vivemos todos os dias? Todos os tipos de violação contra a dignidade humana.

Sim, é violência não ter hospitais. É violência não ter medicamentos. É violência não ter direito à saúde. É violência não ter um tratamento digno. É violência esperar horas, meses e anos em uma fila de hospital. É violência morrer por falta de atendimento.

o gigante acordou

É violência saber que mais de 16 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da miséria, que pessoas morrem de fome e de sede todos os dias porque o nosso dinheiro suado está indo para as mãos de uma corja que manda e desmanda nesse país e nos trata como idiotias.

Eu não quero saber de quem é a culpa, porque a culpa é de todos nós, de quem faz e de quem aceita. O que eu quero são  soluções, e quero já, porque esse é um direito meu, seu, nosso.

É nosso direito ter um salário digno, ter educação, ter segurança, ter perspectivas, ter um sistema de saúde eficaz, ter uma polícia que faça o que, efetivamente, ela deveria fazer, que é proteger os cidadãos. É meu direito ter um país que funcione, que seja justo e que ofereça, pelo menos, o básico para que possamos viver com dignidade.

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Mas nem isso nós temos. Nós não temos nada. Porque eu não posso dizer que tenho saúde se João, José ou Antônio ainda morrem por causa de uma gripe. Eu não posso dizer que tenho alimentação se Maria, Joana ou Francisca estão, literalmente, morrendo de fome.

Vocês já viram uma pessoa morrer de fome? Vocês já viram uma mãe perder um filho porque não teve atendimento? Isso existe e tem cara, não são números, são pessoas, são seres humanos iguais a mim e a você. E eu garanto que quem vê uma coisa dessas não esquece jamais.

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E é por essas coisas, e por milhões de outras, que eu não quero e nem aceito promessas,  que eu não quero “bolsas”,  que eu não quero planos mirabolantes, porque a fome não espera, a saúde não espera, a vida não espera. É por essas coisas que eu quero ações concretas hoje, agora, já, porque dinheiro não falta, dinheiro sobra, o que falta é direcionar recursos para onde se deve.

É meu direito, e é seu também, viver em um país onde eu seja respeitada como ser humano, como cidadã que paga impostos e sustenta esse país.

Por tudo isso é que sou a favor das manifestações,  que sou a favor de quem está indo para as ruas como eu fui, sem atos de violência,  clamar por um país melhor.

Beijos

Ju

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