Li um texto ontem aqui na net sobre uma mãe que relata como a vida dela e das filhas mudou quando ela deixou de ser uma “gritadora e cobradora”, do tipo que só censura, impõe e descarrega seu estresse nas filhas pequenas, e passou a dialogar, compreender e auxiliar, e fiquei pensando no tanto que as pessoas desperdiçam a chance de dialogar pra, simplesmente, tentar impor pelo grito o que querem, como verdadeiros senhores de escravos.
Não é raro, e isso em todo tipo de relação, que o lado mais forte (mas que geralmente é frágil emocionalmente) use o grito como forma de “diálogo”, ou melhor, como forma de impor as suas vontades sem sequer pensar em sentar pra escutar o que o outro tem a dizer.
O que me parece, na verdade, é que quem grita é incapaz de ouvir e não tem o menor interesse em dialogar, porque não é preciso ser um gênio pra saber que o que o grito faz é, simplesmente, cessar qualquer possibilidade de comunicação.
E não é só… Quem usa o grito como arma afasta as pessoas e corta laços, porque ninguém quer, lógico, conviver com gente que é incapaz de conversar, de ouvir, de compreender, de, enfim, somar. Não importa se é amigo, pai, mãe, filho, namorado, marido ou colega de trabalho: desse veneno ninguém quer beber.
E não, não existe justificativa, a menos que o seu intuito seja quebrar todas as pontes e, no lugar delas, construir muros, muitas vezes gigantescos.
Não sei exatamente o que essas pessoas pensam e não tem como saber o que se passa na vida de cada um, mas uma coisa é certa: ninguém é culpado pelos seus problemas, eles são responsabilidade sua, e descarregar isso em quem quer que seja é de uma violência sem tamanho.
E quem gosta de gritar gosta, via de regra, de humilhar, de expor, de reduzir o outro. Pior, quase todos se acham no direito de fazer isso, como se o outro fosse um depósito de lixo. E o interessante é que seja qual for a reação da outra pessoa, de descontrole ou indiferença, os gritadores se comportam como vítimas, as grandes vítimas do mundo, porque, pra eles, o grito foi plenamente justificável, mas a reação do outro não. Oi?
E não, eles não se acham culpados de nada e muito menos responsáveis pela própria vida, pelos resultados das próprias escolhas. Culpados são sempre os outros, sempre, e a eles o que resta é o papel da vítima, de quem precisa gritar aos quatro ventos o (suposto) peso que é carregar a (suposta) cruz alheia.
Claro que, vez ou outra, todo mundo “solta os cachorros”, mas o que tô falando aqui é de gente que usa o grito como arma mesmo, sabe? Arma pra dominar e diminuir os outros, arma pra impor suas vontades, arma pra calar a voz alheia.
A psicologia com certeza deve ter como explicar isso, mas eu, sinceramente, nunca vou conseguir compreender!
Já conheceu alguém assim? Conta aí!
Beijos
Ju