Ando sentindo falta de gente de verdade, falta mesmo, porque ultimamente, até nos meus círculos mais íntimos, só encontro os “perfeitos do mundo”, semideuses de todas as coisas.
Ninguém mais erra, paga mico, comete uma gafe, se engana ou desconhece alguma coisa. Todo mundo quer (e demonstra) ser perfeito em tudo, e nós, muitas vezes, exigimos essa perfeição.
Dia desses estava com minha turminha, que costumava ser do tipo “de bater resenha”, onde a gente não tinha medo de se expor, não tinha vergonha de mostrar nossas falhas, derrapadas e as tantas imperfeições. Na verdade, a gente ria disso tudo, e era tão bom…
Tão bom poder se mostrar sem máscaras. Tão bom poder ser normal. Tão bom poder gargalhar dos nossos micos sem se preocupar se vão achar que somos bobos ou algo do tipo… Porque sim, somos todos bobos vez ou outra, somos todos “Macabéas” aqui ou ali, e não tem nada demais nisso.
Mas aí essa mesma turminha “mudou”… Estavam (quase) todos ávidos por mostrar que eram incríveis e bem-sucedidos em tudo. Todos ostentando o que tinham e até o que não tinham, mas fingiam ter. Todos incrivelmente inteligentes, “por dentro” de tudo. Todos com relacionamentos de sonho, numa vida daquelas de comercial de margarina.
E eu fiquei ali olhando para aquelas pessoas e me perguntando em que parte daquele amontoado de vaidade estavam os meus amigos, aqueles amigos pra quem eu podia me mostrar de cara e alma limpa. Aqueles que riam das minhas trapalhadas, e riam comigo, não de mim. Aqueles que passavam as tardes “falando besteira e dando risada”, sem a menor preocupação em serem os maiores, os melhores, os mais inteligentes, ricos e bem-sucedidos.
Senti falta de meu amigo “cabeça“, não de Dr. Pedro, que agora parece ser advogado nas 24 hs do dia e passa todas as suas horas mostrando tudo que sabe e que tem. Senti falta do “ser” de cada um deles, daquela “coisa” que a gente é quando se despe do status, do dinheiro, do poder. Senti falta dos meus amigos, dos meus parceiros de tantas coisas boas e ruins, dos companheiros de uma vida…
Senti falta sim, senti falta deles como gente… Gente que costumava ser incrível justamente pelas imperfeições, gente que achava graça dessa vaidade toda, que não entendia o sentido dessa guerra de egos e ria de se acabar da cafonice que é essa mania de perfeição.
Não sei vocês, mas eu cada vez mais gosto de gente, de “gente como a gente”.
Beijos, Ju ♥