Lembro quando, dois anos atrás, contei por aqui que, depois de 18 anos sem menstruar, ficaria por uns 6 meses sem pílula anticoncepcional.
Tava bem assustada porque menstruação, pra mim, sempre foi uma coisa horrorosa. Tinha cólicas violentas, uma dor de cabeça absurda e uma TPM monstruosa, o que paralisava minha vida por dias seguidos todos os meses.
Não era uma coisa normal, não era uma coisa boa e atrapalhava minha vida de muitas formas.
Então, com 15 anos, comecei a usar pílula, orientada pela minha ginecologista, pra amenizar todos esses sintomas. Não funcionou e depois de algum tempo, e muitos exames, ela concordou que a suspensão da menstruação, mesmo sendo tão novinha, era a melhor opção.
E foi, porque me deu uma qualidade de vida que eu não tinha. Foi maravilhoso por muitos anos, como expliquei nesse post aqui.
Até que um dia, infelizmente, a “conta” chegou em forma de descontrole hormonal, com níveis muito baixos de LH, FSH, Testosterona, Dehidroepiandrosterona, Estradiol e Progesterona, com todos os sintomas relacionados.
Nesse momento os médicos que me acompanham, sobretudo a minha ginecologista e o meu nutrólogo, conversaram comigo sobre a necessidade de, ao menos por um tempo, suspender o uso da pílula.
Relutei de todas as formas possíveis, e só “embarquei” quando vi que não tinha opção, que nada estava funcionando.
Pra quem não acompanhou, fiz vários posts sobre isso e vou deixar aqui, tá?
- Sobre não menstruar… por 18 anos!
- As primeiras semanas sem usar pílula anticoncepcional
- Vivendo sem pílula: o primeiro mês
- Porque parei de tomar pílula
- Vivendo sem pílula: o quarto mês
- Parar de tomar pílula foi a melhor decisão da vida!
- Sobre parar de tomar anticoncepcional: 9 meses depois
- 1 ano sem pílula e os métodos contraceptivos não hormonais.
2 Anos Sem Pílula Anticoncepcional
O início: fujam todos!rs
O último post que fiz sobre isso tem pouco mais de 1 ano, e tinha prometido manter todo mundo atualizado, então vamos lá!
Se no primeiro post que escrevi aqui sobre isso estava assustada e chateada, nesse tô completamente segura de que foi a melhor escolha para o MEU caso.
Só que todas as escolhas que a gente faz na vida têm dois lados, tem coisas boas e ruins, e acho essencial falar sobre isso, sobretudo porque no começo o bicho pega! rs
Fiquei imensamente impaciente, irritada e sensível, chorava sem motivo e tudo era motivo para um festival de patadas. Comecei a sentir muito sono, cansaço, apatia, falta de ânimo e ficava enjoada por dias seguidos.
Mas estava “preparada” pra isso, ao menos teoricamente, porque sabia que o organismo reagiria com força a falta de hormônios sintéticos.
Acompanhamento médico fez toda diferença
Como tinha suspendido o uso da pílula por motivos específicos, sabia que meus níveis hormonais estavam muito baixos, e com acompanhamento e orientação médica comecei a fazer a reposição desses hormônios, em pouco tempo comecei a sentir alguns benefícios, o que me ajudou a não desistir.
Aos poucos a instabilidade deu lugar a uma sensação boa de equilíbrio, o corpo começou a desinchar e voltei a ter mais ânimo e energia para as coisas.
Aí veio a primeira menstruação… Ela durou pouco, coisa de 3 dias, a cólica foi leve, e a TPM foi tranquila.
Achei estranho, porque em nenhum momento da minha vida tinha vivenciado isso, sabe?
Aos poucos comecei a me sentir ainda mais ativa, com disposição para fazer as coisas. Comecei a me sentir mais alegre, mais vibrante, mais feliz.
A dor de cabeça que me deixava enlouquecida todos os meses desapareceu por meses, e quando resolve dar o ar da graça, é leve, bem diferente de antes.
Minha libido, que andava no limbo, também começou a melhorar, o que, pra mim, fez toda diferença, porque libido é vida, meu povo!
Mas, como nem tudo são flores, a pele, que já era oleosa, virou um poço de óleo. Eu comecei a ter espinhas. A raiz do meu cabelo parecia que tinha sido lambida por uma vaca babona.
Quando a coisa se equilibra
Sabia que demoraria um pouco para os meus níveis hormonais estabilizarem. E sabia, também, que algumas coisas poderiam melhorar e outras piorar.
Mas, há anos não me sentia tão bem, sabe? Comecei a entender mais os sinais do meu corpo, a compreender as minhas fases e a me conhecer melhor.
Digo isso porque estava acostumada a ser mais linear, sem alterações significativas na forma como me sentia ao longo do mês. Agora “sou de fases”, fico mais sensível e introspectiva em determinadas épocas e acho isso bom.
Minha TPM mudou completamente: se antes queria voar no pescoço de qualquer pessoa, por qualquer motivo, hoje fico mais melancólica, fechada, com vontade de chorar.
E tive que aprender a lidar com isso, porque essa “tristeza” não é uma característica minha, nunca tive paciência pra essas coisas, sempre passei por cima feito um trator.
Foi um ano de muitas mudanças, que senti com muito mais força internamente, na forma como me sentia e agia que na parte física, e isso talvez tenha a ver com os meus hormônios, que estavam fora de controle e voltaram a ficar estáveis.
Porque, não se enganem, os hormônios, eles mandam na gente! rsrs
Dois anos depois…
Continuo com acompanhamento médico, ainda reponho um hormônio, e sequer cogito a possibilidade de voltar a usar pílula.
Ela foi maravilhosa por anos, me deu uma liberdade imensa e me ajudou a ter uma qualidade de vida que eu não tinha. E é por isso, e por muitas outras coisas que ela fez e representa para mulheres de todo o mundo, que jamais vou demonizar a pílula.
Só que, por algum motivo, ela passou a me fazer mal, eu precisei abrir mão e hoje me sinto muito melhor.
Me sinto mais viva, com mais controle do meu corpo e com a libido que nunca tive antes. Acho essencial tocar nesse ponto porque pode até ser comum, mas não é normal que tantas mulheres jovens, no auge da sexualidade, tenham uma libido tão baixa.
E o mais engraçado é que eu, até determinado momento, achava que era assim mesmo. Só quando a coisa foi pro chão que me dei conta de que tinha alguma coisa errada, sabe?
Se vocês quiserem a gente pode falar sobre isso direitinho em outro post, já que a prosa é longa, é só avisar nos comentários, tá?
Sobre métodos contraceptivos
Uma pergunta que sempre fazem é ” se não usar pílula, vai usar o que?”, e existem muitos métodos contraceptivos, gente!
Pra começar, e aqui tenho amigas que falam que não dá e que só meu Mercúrio em Virgem explica, porque sou precavida pra caramba, camisinha, pra mim, não é negociável, e o correto é usar sempre dois métodos.
Eu sei que a dinâmica de cada relacionamento é diferente, eu sei como é o mundo em que vivemos, mas hoje, com 35 anos, sou bem prática e realista, sabe?
Só a camisinha vai me manter protegida de doenças sexualmente transmissíveis, e por mais que eu confie na pessoa que está ao meu lado, por mais estável e longa que seja a história, não abro mão porque acima da confiança está a minha vida e saúde, e jamais colocaria nada disso em risco.
Já coloquei, e jamais julgaria quem quer que seja por isso, mas as estatísticas estão aí pra provar que o maior índice de sífilis (estamos vivendo uma epidemia, só pra lembrar!) e HIV em mulheres é justamente nas casadas ou com relacionamentos estáveis, que, obviamente, não usam camisinha.
Ou seja, camisinha (pra mim) é lei.
Como não posso usar nenhum método hormonal, cogitei o DIU de cobre e o Diafragma, que, adianto, é uma verdadeira novela.
Optei pelo diafragma, e agora voltei a pensar no DIU de cobre, mas ainda tenho muitas dúvidas. Já vi relatos bons e relatos bem ruins, então preciso de mais tempo pra decidir.
Finalizando
Pra finalizar, porque o post está imenso, quero dizer que pra mim esses dois anos sem pílula anticoncepcional foram, apesar das partes ruins, muito bons. Foi a minha melhor escolha.
Mas, cada organismo reage de uma forma, e o que é bom pra mim pode ser péssimo pra você.
Então, se está cogitando suspender o uso da pílula, converse com seu ginecologista, faça exames, veja como estão os seus níveis hormonais, se é preciso ou não fazer uma reposição e, caso deseje, faça tudo de forma consciente, com orientação adequada.
É primordial, pra que possamos exercer o nosso poder de escolha da melhor forma, saber tudo o que pode acontecer, saber os prós e contras, e ter não só orientação, mas acompanhamento adequado, com um médico de confiança. Isso faz toda diferença!
Se tiverem alguma dúvida deixem aqui nos comentários, tá?
Beijos, Ju♥
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