Essa semana falei rapidamente nas redes sociais sobre amar o próprio corpo, mas como por lá não dá pra falar tanto quanto eu gostaria, resolvi falar por aqui também.
Não se fala em outra coisa, aliás, e isso é maravilhoso, só que a coisa não é tão simples como parece, e nem tão rasa.
A gente sabe o papel que a mídia, de modo geral, tem na criação e propagação de padrões de beleza inatingíveis e na busca obsessiva pelo que seria o corpo perfeito, bem como na pressão que tudo isso exerce sobre todas nós.
Só que se fosse só a mídia a coisa seria muito mais fácil de resolver. E não é.
Não é porque existe um fator religioso e cultural determinante nisso tudo. Desde pequenas, somos ensinadas a ser contra, a negar, a ter vergonha do próprio corpo, um belo trabalho feito por quase todas as religiões do mundo, a exceção, até onde sei, do Tantra, que entendeu que, por ser a base do ser humano, a sua raiz no mundo físico, ele precisa ser não só aceito em sua plenitude, mas respeitado, amado e, sim, reverenciado, como um presente da Existência.
“Tua alma habita teu corpo, trate-o bem”
Nós aprendemos, por vias tortas, que é pecado, porque vaidade, admirar o nosso corpo. E se for o corpo do outro, é “luxúria”. Aprendemos que nos tocar é sujo, feio, obsceno. Que tocar o outro e sentir prazer com o próprio corpo é indecente e imoral, a menos que você seja casada ou, no mínimo, esteja em uma “relação séria”.
Agora, me diz: como é que a gente vai amar o que aprendeu, lá atrás, a desprezar? Como vai ter orgulho do que foi ensinado a ter vergonha? Como vai encontrar beleza no que é fonte de pecado, no que assimilou, lá no inconsciente, a impureza e a tantas coisas ruins, hein?
Não vai, gente, não vai. Você pode até achar que não, mas isso está sim no inconsciente da maioria, e é repassado geração após geração por nós mesmas, que deveríamos, ao contrário, aprender e ensinar a cultivar o amor e o respeito pelo corpo, a não negar o próprio corpo.
E isso é infinitamente mais difícil que lidar com padrões impostos pela mídia, porque a esmagadora maioria tem isso tão entranhado no próprio ser que sequer percebe a ligação entre uma coisa e outra.
Como aprender a amar o próprio corpo?
Pra amar o próprio corpo a gente precisa, primeiro, parar de condená-lo, parar de olhar pra ele como algo “impuro”, errado, e aprender a respeitá-lo. Você tem que ser amoroso com o seu corpo, tem que tratá-lo bem, tem que cuidar, que proteger, que entender que ele é uma dádiva, é um presente, e isso já basta para que ele seja cheio de beleza.
Eu demorei uma vida inteira pra entender isso, pra ter o “click” de que a coisa toda estava errada, de que o buraco era bem mais embaixo do que eu imaginava, e hoje já começo a perceber que “o caminho” não é mudar o meu corpo pra que eu possa amá-lo, mas o contrário.
Porque a partir do momento que comecei a me livrar de toda essa ideia equivocada que fui aprendendo e lapidando ao longo da vida, entendi que meu corpo não é apenas bom, mas fonte de milhares de coisas maravilhosas, e que eu tenho sim que desfrutá-lo e apreciá-lo. E que não tem nada de errado, de feio ou de sujo nisso.
Quando, há pouquíssimo tempo, comecei a agir dessa forma, a olhar pra mim mesma com mais amor, generosidade e leveza, comecei a cuidar do meu corpo muito melhor, um cuidado que nada tem a ver com perfeição ou com padrão, mas sim com o zelo que temos com tudo aquilo que amamos.
Não faço a menor ideia de onde isso vai dar, mas garanto que tenho tido uma relação muito mais sadia, bonita e verdadeira com o meu corpo e comigo mesma, coisa que todas nós deveríamos ter aprendido desde o começo.
Beijos, Ju♥
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Bonito texto. Nunca pensei nas coisas por esse prisma, mas é verdade :)
Obrigada, Sandrinha!