Mês passado completei 35 anos e, sendo bem honesta, envelhecer tem me feito muito bem, sobretudo porque perdi o medo dessa palavra e de tudo o que ela representa.
Porque sim, apesar dos milhares de apelos pela juventude eterna, eu, você e todo mundo estamos envelhecendo, e não tem nada de trágico ou errado nisso.
Errada é a forma como fomos (e somos!) ensinadas a falar, pensar e sentir o passar dos anos, como se fosse algo vergonhoso, que devesse ser combatido a qualquer custo. Como se o passar dos anos determinasse, em relação a beleza, o nosso “prazo de validade”.
Não deveria, mas beleza costuma ter idade. Chega uma hora que você é vista como “velha demais” pra ser bonita (e pra dezenas de outras coisas), e isso a gente vê de forma clara ou velada nas campanhas publicitárias, nas capas de revista, nas novelas, nos filmes, em todos os lugares, todos os dias.
Fala-se muito em democratização da beleza, que é uma coisa maravilhosa, mas não se enganem, ela também tem idade. Hoje, ao contrário de anos atrás, já olhamos para mulheres que não estão dentro do padrão de beleza estabelecido e reconhecemos a beleza ali.
Claro que ainda temos muito chão pela frente, mas, em regra, não é mais a preta, a gorda, a magra, a “japa”, a cacheada ou a crespa bonita. É uma mulher bonita, ponto.
Mas, o mesmo não acontece com mulheres mais velhas, e olha que esse “mais velha” é, pra mim, bem jovem, viu? Se perto dos 30 o “desespero” bate a porta, porque passamos a vida acreditando que essa era a porta do envelhecimento, essa coisa horrorosa (contém ironia…), com 35, 40 já passamos do ponto e daí pra frente é “ladeira abaixo”: podemos ser muita coisa, exceto bonitas.
Podemos ser saradas, “enxutas”, gostosas, charmosas, interessantes, jovens pra nossa idade (adoro essa! rs), maravilhosas, incríveis e trocentas coisas mais, exceto bonitas. E quando, por puro acaso, o termo “bonita” é utilizado, não vem acompanhado de “mulher”… É uma senhora bonita, uma coroa bonita, uma mãe bonita, mas não uma mulher bonita.
Existem exceções? Sim, pra confirmar a regra.
Já perceberam isso? Eu já, e isso é uma loucura, gente…
Só que é uma loucura que rende, porque cria uma não aceitação tão grande que faz com que, sem perceber, a gente perca a perspectiva do que somos e do que devemos ser. E isso gera uma busca desenfreada por uma “juventude” irreal e inalcançável, e aí a pessoa paga o que pode e o que não pode pra se encaixar, pra se adequar, pra continuar sendo vista como uma mulher bonita.
Sabe o resultado disso? Uma insatisfação enorme e uma autoestima que despenca dia após dia, porque não importa o que a gente faça, o tempo vai continuar passando e vamos continuar envelhecendo. Cada vez mais infelizes, claro.
Isso não significa, óbvio, que é errado se cuidar da forma que você bem entender. Não é errado e não tem nada demais fazer botox, preenchimento, plástica ou qualquer outra coisa, desde que isso te faça bem.
O que não dá é pra condicionar a sua beleza a uma idade, muito menos a uma idade que você não tem. Pra mim não faz o menor sentido ter 35 e fazer qualquer coisa pra ter uma carinha de 20, como se a minha beleza estivesse condicionada a “carinha de 20”, porque, sinto informar, ela não está.
O problema, claro, não é a “carinha de 20”. O problema é achar que só posso ser bonita se tiver a carinha de 20.
Eu quero ser uma mulher de 35 anos como uma linda mulher de 35 anos, nem mais, nem menos. Quero continuar envelhecendo com serenidade, usando o passar dos anos e tudo o que ele trouxer como aliado, não como um inimigo a ser combatido a qualquer custo.
Quero me olhar no espelho sem vergonha, sem esconder minhas marcas ou meus supostos defeitos nem me desculpar por eles. Quero continuar enxergando a minha beleza em cada idade. Beleza que o tempo, ao deixar tantas marcas diferentes, não diminui, só aumenta. Beleza de quem não só se sente, mas “se sabe” bonita.
Quero me reconhecer sem filtros, me cuidar para me sentir cada vez melhor, porque isso também me faz feliz.
Mas, não vou entrar no surto de querer parecer o que não sou, enquanto deixo escapar toda a beleza de quem, hoje, eu sou. E se posso te dar um conselho, não queira isso também.
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P.s: Já subo o áudio!
Beijos, Ju♥
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Oii juu! tudo bem? deixa eu te perguntar, ja ouviu falar sobre o óleo de Neem? dizem que é muito bom para a pele e cabelos, mas pesquisando na internet diz ate que ele é usado como inseticida, fiquei com medo. kkkk Pode nos dar mais detalhes sobre ele? Ficarei grata. bjs..
Que texto excelente! É o que penso também. Tenho 33 anos e escuto que já passei da idade. Uma vez minha mãe (minha mãe!!!) disse que depois de velha comecei a dar trabalho kkkkk, só porque curto viajar e vou sozinha se precisar. Como se tivéssemos prazo de validade pra tudo… E pra piorar, também ainda estou solteira e sem filhos, aí é que não pode mesmo!!, é o que me dizem . Pelo menos aprendi a ser educada diante desses comentários rsrsrs. Gosto de me cuidar, mas sem neura. Hoje já não sou a rata de academia que já fui um dia, mas engraçado que me sinto muito melhor. Acho que é mais a cabeça amadurecida e reflexiva. Cheguei à conclusão que para ser feliz é mais uma questão de cabeça do que de corpo perfeito e suas obrigações. E dane-se o que pensam os outros.É um saco ter que viver pra agradar os outros. Cansei faz tempo. Aprendi com a rainha da Inglaterra: “não se justifique, não explique”. Ela é que está certa rsrsrs.
Bravo!!!
Que texto lindo Ju! acabei de completar 30 e a crise tá brava viu… como é difícil ver que o tempo passou e nem tudo aconteceu, fora a angustia do que está por vir… como vc mesma diz depois dos 30 é ladeira a baixo rsrsrs… tomara que passe logo…
Ju, sua linda! Fala um pouco, se possível, sobre idade x gravidez. Passamos já dos 30 e não temos filhos. Mesmo que há uma grande pressão social sobre nós (que ignoro), eu mesma me pressiono as vezes pois sabemos que nossa fertilidade vai caindo. E vejo que há maior pressão quando alguém deseja terminar um relacionamento e se vê presa a isso, pois tem o sonho de ser mãe. Me identifico muito com seu modo de pensar e acho que seria muito interessante falar disso já que você já passou dos 30 e seu namo nem mora perto, ou seja, mesmo se você quiser agora ter filho, creio que muita coisa terá que ser modificada. Como lida com isso?Grata!
Esse texto é uma bela reflexão a se fazer,eu tinha receio de chegar nos 30 e hj que já estou nele eu estou vivendo a melhor fase de minha vida,sinto mais confiança,minha auto estima é melhor do que quando eu tinha 20,tenho problemas como todo mundo,mas o amadurecimento que venho tendo eu acho que não tem preço.Eu acho esse tipo de texto um belo gesto de ajuda para quem está passando por essa idade ou está perto,amei