Talvez eu tenha me tornado muito emotiva, e como tudo demais é sobra, isso nunca é bom. Mas prefiro que seja assim porque a partir do momento em que a gente deixa de ter compaixão pela dor do outro, pela condição do outro, a gente deixa de ser humano.
Nunca falei sobre isso aqui e acho realmente que toda forma de ajuda deve ser silenciosa, porque alimentar a nossa vaidade com a dor e o sofrimento de quem quer que seja é bem feio, e é isso que acontece com quem ajuda alardeando aos quatro ventos. Mas, não vejo razão pra não usar esse espaço pra conversar com vocês sobre a necessidade de se colocar no lugar do outro, não importa quem seja, e estender a mão.
Existe muita gente no mundo carente de tudo. Não é carente daquela comida, daquela roupa ou daquela coisa especificamente. É carente de qualquer comida, de qualquer roupa, de qualquer coisa. Mais que isso, o que não falta é gente carente de afeto, de carinho, de calor humano, e isso todo mundo pode dar, não tem desculpa.
E não é só gente, é bicho também. E bicho precisa de que? De comida, de água e de amor, e isso também todo mundo pode dar.
Quando falo isso, muita gente me diz “ah Ju, mas tem tanta criança passando fome, bicho fica em segundo plano porque criança é mais importante”, e eu, sinceramente, não enxergo dessa forma porque uma coisa não exclui a outra, e pra mim não importa se é bicho ou se é gente, eu só tento me colocar no lugar de cada um e imaginar o que eu sentiria se estivesse naquela situação.
Eu sei que na correria do dia a dia a gente não tem tempo de olhar nem pro próprio umbigo, mas é essencial que continuemos a ter a capacidade de enxergar o outro e de sentir o mundo ao nosso redor.
O amanhã é muito incerto, sabe? Nada nessa vida é seguro e ninguém sabe o que pode acontecer daqui a 5, 10, 15 anos… Onde eu quero chegar com isso? No óbvio: parece impossível, mas tudo pode acontecer com todo mundo, e se, Deus nos livre, acontecer, o que é que você queria que os outros fizessem? Eu penso que o meu desejo seria que me enxergassem e me estendessem a mão, então é isso que eu tento fazer.
A gente sempre pode compartilhar o que tem. Se não pode compartilhar coisas, pode compartilhar uma conversa, um carinho ou uma luz na vida do outro. Ajudar instituições é legal? Muito, e louvável, mas tente conhecer as pessoas que estão ali, porque são pessoas, não são números. Chegue perto, converse, dê risada, conte uma história, faça algo que possa alegrar a vida da pessoa, que dê a ela esperança, força, coragem…
Não pode adotar um animal (eu queria adotar todos!)? Alimente animais de rua (andar com um pacotinho de ração no fundo do carro não faz mal pra ninguém…), dê água, socorra um animal ferido, não maltrate, não machuque, não cause danos…
O Natal já chega, e como é uma época em que todo mundo tá mais “aberto”, resolvi fazer um apelo pra que cada um ajude uma pessoa ou um animal como puder. Você não pode fazer tudo, você não pode mudar o mundo, mas pode fazer alguma coisa e essa coisa, não importa se pequena ou grande, pode fazer uma diferença gigantesca na existência do outro.
E sendo emotiva mais eu vez, eu peço: não deixe seu coração endurecer, não deixe de sentir compaixão pelo outro, não feche os olhos pra dor do outro, porque essa dor é sua também.
Bom final de semana!
Beijos
Ju