Quando a gente perde alguém que ama, quando a gente termina uma história, quando a gente tem perdas na vida, é normal que a gente fique triste, perdido, sem rumo, certo?
É certo sim, e é humano. O que não é certo, ao menos pra mim, é não respeitar a própria dor, a própria tristeza, o próprio luto.
A perda, sobretudo de alguém que a gente ama, é dolorosa demais, é a mais profunda que existe, porque o que existe ali é a “dor do nunca mais”… Nunca mais o amor que aquecia a alma, o olhar tão cúmplice, a mão daquele que nos compreendia, as risadas sem fim, o mundo de carinho, o abraço que protegia… Nunca mais a presença, nunca mais a certeza de que você não está só… Nunca, nunca mais…
E você acha mesmo que dá pra passar pro cima disso? Não, não dá…. E não tem nada demais ficar triste. Faz parte. E se você está triste, viva a sua tristeza, sinta ela até a última gota, no seu tempo, do seu jeito, porque só assim, vivendo a própria dor, é que a gente supera, mas supera de verdade.
Só que essa neura pela felicidade constante, como se fôssemos máquinas ou seres supra humanos, nos impele cada vez mais a “passar por cima”. Terminou uma relação? “Bora pra balada pegar todas/todos, beber todas e “passar recibo”! Perdeu alguém que ama? Bora sair pra “esquecer”!
Oi? Desde quando fazer qualquer uma dessas coisas faz a dor passar? Quem disse que esquecer é superar? E quem disse que esquece? Não esquece e não adianta fugir, porque de noite, no encontro com o travesseiro, todas as dores voltam, e se a gente tenta passar por cima, elas voltam muito maiores, rasgando tudo por dentro.
Não existe a possibilidade de seguir em frente, de virar a página, sem “viver” o luto até a última gota. É preciso respeitar o seu luto, a sua dor, a sua tristeza e o seu tempo. E vai doer mesmo, e muito. Vai dilacerar tudo por dentro, e em alguns momentos a dor é tão grande que falta o ar, mas se é o que você está sentindo, tem que sentir, porque não tem como ultrapassar qualquer coisa nessa vida se a gente não enfrenta essa coisa. É impossível.
Nós somos pessoas, nós somos humanos, não somos máquinas. Nós sentimos mesmo, e se sentimos, temos que viver isso, oras! Se a tristeza vir, deixe que ela venha, coloque ela pra fora, sinta toda a sua tristeza porque, existindo, ela tem que ser vivida, e somente quando vivida ela pode ser superada.
Se pulamos etapas, se não respeitamos os nossos sentimentos e os nossos momentos, se reprimimos a nossa dor, seja de que origem for, nunca conseguiremos ir adiante e ficaremos presos por toda a vida… É isso o que você quer?
Beijos
Ju