Nossa, como passou rápido esse ano, né? Já estamos a poucas semanas de 2015 minha gente! Não sei pra vocês, mas pra mim 2014 foi um ano “forte”… Precisei finalizar muitas coisas, tomar decisões importantes e fazer um trabalho hercúleo pra conseguir dar conta de tudo. Mas, entre “troncos e barrancos”, tô aqui!
Então a primeira coisa que quero pra dezembro é poder parar por uma tarde em silêncio, anotar tudo o que eu consegui fazer de importante esse ano e agradecer. Talvez nem tudo tenha saído como eu planejei, talvez não tenha conseguido fazer as coisas da forma que eu gostaria e ainda não consegui finalizar tudo o que queria, mas tenho a certeza de que tudo o que aconteceu foi pro meu melhor, que tudo foi como tinha que ser.
A segunda coisa a fazer “limpar a casa e a alma” pra esperar 2015 de braços abertos! Já fiz um post aqui sobre isso, e acho essencial, pra “fechar” o ano, fazer uma faxina em casa e tirar tudo aquilo que não me representa mais, abrindo espaço pro novo. E isso precisa ser feito, também, dentro da gente, sabe? É bom ver os “papéis” que não me servem mais, as relações que não têm razão de ser e as partes que preciso dar fim em mim mesma, jogando fora a mágoa, o rancor, a raiva e tudo aquilo que não seja bom.
Feito isso, é lápis e papel na mão pra começar a planejar o que quero pro ano que vai começar. Sei bem que a “roda viva” quase sempre vem e “carrega o destino pra lá”, como bem diz Chico (o Buarque), mas cada vez mais sou o tipo de gente que planeja as coisas, que estabelece metas pequenas, médias e grandes e cobra de si mesmo e do universo que essas coisas se concretizem.
E é só isso que quero pra dezembro… A alma limpa, o coração grato e a cabeça cheia de sonhos pra esse “livro em branco” que está pra chegar! ♥
Vocês já repararam como as pessoas andam reclamonas? Elas reclamam de tudo, da hora que acordam até o momento em que vão dormir, e acham que se os outros não ouvirem – trocentas vezes- suas reclamações não são amigos o suficiente. Pior, não entendem porque as pessoas se afastam. Oi?
Quem, afinal, quer ficar perto de um muro de lamentações? Ah gente, sinceramente, paciência tem limite e a minha anda bem curta pra esse tipo de coisa, sabe? Problemas todo mundo tem, frustrações também, mas você não pode transformar isso no centro da sua vida, você não pode passar o dia todo falando nisso, pensando nisso, dividindo isso porque ninguém aguenta.
Não aguenta nem é obrigado a conviver com isso, e não me digam que é egoísmo porque não é. Egoísmo, aliás, é transformar o outro em depósito de reclamações, é levar só coisas ruins, é esgotar as pessoas ao redor com tanta ladainha.
E como são vítimas do mundo as reclamonas, né? O outro é ruim, o outro é culpado, o outro “se aproveita”, o outro, enfim, é o responsável por todo e qualquer problema que aconteça em sua vida. É realmente muito conveniente colocar a “culpa” dos próprios problemas no outro, mas a verdade é que enquanto você não entender que é a responsável pela própria vida e que ninguém faz nada sem que você, de um jeito ou de outro, permita, você vai ter mais e mais motivos pra se lamentar, e isso não resolve nada.
Não resolve e só piora, porque a tendência é que você repita esse padrão e que as pessoas se afastem cada vez mais, o que se transforma num ciclo vicioso, porque quanto mais as pessoas se afastam mais você vai se vitimizar (porque é sozinha, porque não tem amigos de verdade, porque ninguém te estende a mão, etc, etc, etc), até chegar o momento em que ninguém vai querer estar perto de você. E não, isso não é culpa do outro, seja lá quem for, isso é responsabilidade sua.
É claro que todo mundo, vez ou outra, vai entrar na fossa e vai falar sobre isso, vai pedir ajuda, e isso é saudável. O que não é saudável é não conseguir enxergar a quantidade de coisas boas que existem na sua vida e ser grata por elas. É não entender que todo mundo tem problemas e sempre vai ter, mas que existe vida apesar disso. É não entender que ninguém é obrigado a conviver com um balaio de coisas ruins, porque toda relação é troca e se você só dá coisa ruim ninguém vai querer estar perto de você.
Eu já tive um grau enorme de tolerância com essas coisas, mas entendi que passar a vida absorvendo coisas ruins, sendo “vítima” (e conivente) desse parasitismo emocional não é justo comigo, sabe? Hoje “minha lei” é simples: quer ajuda? Minhas mãos estão estendidas pra você. Eu tô aqui pra te ouvir e, na medida do possível, te ajudar. Mas se o que você quer é plateia pro seu monólogo de sofrimento sem fim, onde você é a vítima do mundo, passa os dias reclamando e não faz nada pra mudar, lanço mão da surdez seletiva. Simples assim!
E se você estiver passando por isso aconselho fazer o mesmo, porque a ladainha de lamentações não tem fim, mas a sua energia emocional sim!
Comentei tempos atrás Face que tava precisando de um “bolsa farmácia” por causa do preço do Venvanse (da Ritalina LA e do Concerta também!) e uma leitora, com o intuito de me preservar, ressaltou que era pra ter cuidado em falar sobre isso porque ainda existe muito preconceito com o TDAH, que, pra quem não conhece, é o Déficit de Atenção.
Agradeci de coração o cuidado, mas preferi fazer o oposto, porque não é um remédio que vai definir quem ou o que eu sou. Um remédio é só um remédio, e eu sou muito mais do que isso.
Muitas vezes questionei se isso era mesmo déficit de atenção porque pra mim parece meio lógico só prestar atenção no que me interessa, e até hoje acho a nomenclatura equivocada, mas isso também é uma besteira e não vou perder tempo com essas coisas.
O que é Déficit de Atenção
O fato é que, sim, eu tenho déficit de atenção e não vejo nada demais nisso. Vejo mais como um conjunto de características diferentes, com limitações um pouco diferentes, mas, afinal, quem não tem características e limitações diferentes?
Acho bobo isso de rotular, sabe? E não vejo isso como um “bicho de 7 cabeças”, mas como um “padrão diferente”, que precisa sim de “tratamento”, mas que, sobretudo, precisa ser encarado com leveza, com naturalidade, sem drama e sem fuê.
Meu maior problema em relação ao TDAH sempre foi a falta de organização, e isso é sim uma coisa muito complicada porque minha vida era um caos. Esquecia as coisas, me embolava, não conseguia ter um equilíbrio, sabe? Isso, assim como o fato de ser extremamente impaciente e muito impulsiva, gerou muitas coisas ruins, e só melhorou com o uso do medicamento.
Deficiência de atenção não é deficiência de aprendizado
Entretanto, nunca tive deficiência de aprendizado, ao contrário, sempre aprendi tudo muito rápido, mas do meu jeito, o que me interessava, o que chamava a minha atenção (matemática, obviamente, não era exatamente o que despertava a minha atenção, e não conseguia aprender!rs). Em compensação, não dava conta de prestar atenção numa aula inteira (exceto nas das minhas matérias preferidas), ficava inquieta, levantava várias vezes, o que era bem chato (principalmente para os outros).
Nada disso me impediu de estudar, fazer faculdade ou algo do tipo, até porque só fui começar a fazer o tratamento (de forma séria) bem depois de terminar a faculdade. Passei no vestibular sem precisar de cursinho, fiz Direito numa excelente universidade, era uma ótima aluna nas matérias do meu interesse e mediana nas outras e passei na OAB sem problemas.
Ou seja, o estigma de que uma pessoa que tem déficit de atenção é burra, como já ouvi várias vezes, é absurdo. Acredito que muitos dos “limites” somos nós que colocamos na nossa cabeça, e eu nunca acreditei em limites.
O tratamento do TDAH é essencial!
Assim como é absurdo ver pais que se recusam a, após o diagnóstico, tratar seus filhos porque “psiquiatra é coisa de doido” e “tarja preta é coisa de maluco”. Claro que existe um exagero na prescrição de Ritalina, que muita gente toma sem a menor necessidade e lógico que “nem tudo é TDAH”, mas eu, que conheço os dois lados da história, acho de uma negligência sem tamanho deixar de tratar o que precisa (e pode!) ser tratado por puro preconceito.
Se essas pessoas soubessem o quanto o tratamento adequado vai melhorar a qualidade de vida da criança (adolescente ou adulto) com TDAH, o quanto vai mudar a vida dessa pessoa, jamais fariam isso. Sabe, não faz sentido “sofrer” se tem como “não sofrer”, e sim, eu sou absolutamente a favor da “medicina do bem-estar”, porque se existem meios de proporcionar mais bem-estar, de melhorar a qualidade de vida, porque não fazer isso? Não entendo!
Tem anos que faço acompanhamento com uma neurologista, já passei por vários medicamentos pro TDAH, e hoje o que funciona bem pra mim é o Venvanse, que custa o equivalente a dois rins, mas faz uma diferença enorme na minha vida. Posso viver sem o medicamento? Claro que sim, mas prefiro, com certeza, viver com ele, porque me faz bem, porque me dá qualidade de vida e porque tudo fica mais “fácil”, como parece ser para as outras pessoas.
O que muda com o remédio para déficit de atenção?
O que mudou depois do medicamento? Tudo! Minha impulsividade reduziu drasticamente, assim como a minha impaciência. Ainda sou muito acelerada, continuo tendo o “hiperfoco” nas coisas do meu interesse, mas também consigo prestar atenção nas outras coisas, o que era inviável. Continuo desorganizada, mas muito menos que antes, e convivo melhor comigo mesma e com as outras pessoas, sobretudo porque a necessidade de estímulo o tempo todo reduziu bastante.
Venanse, ritalina e concerta
Muita gente fala dos efeitos colaterais desses medicamentos e a minha experiência é a seguinte: existe sim um período de adaptação, e no caso da Ritalina “normal” eu me sentia meio “instável”, porque o período de ação do medicamento é curto, mas no caso da Ritalina LA, do Concerta ou do Venvance a coisa muda completamente. É assim com todo mundo? Lógico que não, mas só posso falar da minha experiência.
Eu não tenho nenhum efeito colateral e mesmo que tivesse iria “pesar na balança” pra ver se os benefícios compensariam. Quanto a isso, aliás, é bom lembrar que praticamente tudo na vida tem efeitos colaterais, e isso não significa que eu tô fazendo “apologia” ao uso de medicamento, só estou dizendo que não acho lógico que alguém não se trate quanto pode se tratar e viver melhor.
Enfim, quis falar sobre isso porque já comentei várias vezes no Face e muita gente pedia pra que eu fizesse um post (já fiz um vídeo também sobre isso, veja aqui), e quem quiser mais informações sugiro dar uma olhada no site do ABDA (aqui) e também no livro da Dr. Ana Beatriz Barbosa ( o site dela é esse aqui), que é psiquiatra, tem TDAH e escreveu um livro bem legal sobre o assunto, o Mentes Inquietas.