Sempre recebo perguntas por aqui questionando se o ácido glioxílico é formol, e faz anos que bato na tecla de que o ácido glioxílico quando submetido a altas temperaturas libera formol. É ou não é?
Fico chocada com a cara de pau de certas marcas, e mais chocada ainda com a ingenuidade das pessoas. Sim, porque a coisa é bem simples: pra alisa, tem que ter ativo alisante, se não tem e alisa, tem formol ou derivados. Não existe exceção, não existe milagre, não existe mimimi.
E se bato nessa é por acreditar que se eu me nego a usar determinada substância, mas marcas precisam respeitar a minha opção, e no momento que essa substância aparece, por vias tortas, em um produto, eu estou sendo enganada, estou tendo o meu direito de escolha negado e isso é inadmissível.
“O ácido glioxílico é um ingrediente utilizado em produtos cosméticos com a função de ajuste de pH e tamponante.
Segundo dados da literatura, o ácido glioxílico submetido a altas temperaturas libera formol e isso implica risco à saúde do consumidor e do profissional do salão de beleza. Portanto, não existem dados de segurança suficientes que assegurem a utilização do ácido glioxílico em produtos com ação alisante e/ou submetidos a tratamento térmico.
Assim, produtos para procedimentos de alisamento capilar tais como “realinhamento capilar, defrisante, botox capilar, reestruturação capilar, blindagem capilar, escova progressiva” e outros cujo modo de uso esteja associado ao uso de chapinha estão todos irregulares no mercado.
Caso o consumidor e profissional do salão de beleza encontre algum produto contendo ácido glioxílico com essa finalidade deverá denunciar à vigilância sanitária estadual ou municipal: Vigilância Sanitária no Brasil.
Para produtos irregularmente notificados na Anvisa serão adotadas as medidas sanitárias pertinentes.
A Anvisa está avaliando o uso da substância em preparações cosméticas. O estudo ainda está em andamento e os resultados serão utilizados para elaboração de regulamentação específica.”
A coisa hoje é meio polêmica: vamos falar de defrisagem, selagem, gradativa e outras escovas da moda.
A grande maioria dos posts aqui do blog são de beleza e cabelos, que são dois assuntos que sempre pesquiso muito, testo muito e, sim, estudo muito. Tenho alguns cabeleireiros de confiança, que sempre me explicam as coisas com clareza e me passam informações sobre produtos e procedimentos, assim como tenho amigos que são dermatologistas e tricologistas (especialista em cabelos), que sempre me emprestam materiais de consulta e, principalmente, me orientam nos posts em que eu não “domino” a parte técnica.
Tenho dezenas de horas de gravação com cada um deles, porque em todos os assuntos que eu não tenho conhecimento técnico suficiente, ligo, peço ajuda e gravo, e assim vou arquivando as conversas por temas, e um tema que vem sendo muito debatido é o das progressivas e seus possíveis substitutos.
Formol e derivados
Já expliquei diversas vezes por aqui os motivos pelos quais sou absolutamente contra qualquer produto que contenha formol e derivados, substâncias que venham a agir como formol, glutaral, carbocisteína (que não tem problema nenhum, só que não alisa e, portanto, não pode ser base de nenhum procedimento que tenha a finalidade de alisar os fios) e ácido glioxílico, que é um desastre.
Quando fiz o primeiro post sobre isso, muitas meninas pediram soluções, e eu procurei absurdamente, mas absolutamente TODOS os produtos que encontrei continham algum dos ativos que eu condeno.
Toda semana trarei novos produtos, porque são muitos, e aos poucos vou mostrando porque essas selagens, progressivas, gradativas, redutores de volume, botox e defrisagens são uma furada, certo?
P.s: perdoem a qualidade (péssima) das fotos dos produtos, pois foram feitas no mercado!
1- Selagem Redutora Salon Line
Ativo: Ácido Glioxílico
Status: Reprovada!
A selagem redutora da Salon Line informa que é um tratamento disciplinante dos fios com óleo de argan e arginina para cabelos ondulados e volumosos.
Na embalagem tem a informação de que sela as cutículas, proporciona brilho intenso, elimina o frizz, não pesa e reduz o volume. Se faz ou não faz isso, eu não posso afirmar porque nunca usei, mas é só olhar o rótulo pra ver claramente qual a base disso tudo: ácido glioxílico (Glyoxylic Acid).
O ácido glioxílico destruiu o meu cabelo ano passado, um cabelo extremamente cuidado e com os melhores produtos do mercado, e já expliquei nesse post AQUI o que é e como funciona o ácido glioxílico.
2- Defrisagem Gradativa Marroquina Salon Line
Ativo: Ácido Glioxílico
Status: Reprovada!
Diz ser um sistema térmico redutor de volume que proporciona um efeito liso de longa duração, sendo indicada para todos os tipos de cabelo. Supostamente, proporciona brilho intenso e reparação graças a cisteína e ao óleo de semente de manga, dentre outros ativos.
A minha crítica não é em relação a marca em si, porque tem coisas da Salon Line, e não são poucas, que eu gosto, contudo, não tem como se favorável a algo que destrói o cabelo, e o que essa defrisagem contém é um ativo que faz isso: o ácido glioxílico, que nada mais é do que um derivado do ácido formilfórmico, que quando aquecido em altas temperaturas libera vapor de formol.
3- Natu Hair Escova Progressiva Argan e Monoi – Skafe
Ativo: Ácido Glioxílico
Status: Reprovada!
Essa escova progressiva, que é vendida em mercado e custa menos de 20 Dilmas, promete cabelos mais lisos, mais soltos, com mais balanço, máxima de hidratação e brilho intenso.
Informa ser isenta de formol, ser compatível com qualquer química e ser indicada para qualquer tipo de cabelo.
Sim, ela diz ser isenta de formol, mas contém ácido glioxílico, que dá no mesmo! O que alisa o cabelo nessa escova e em todas as outras, é o ácido glioxílico, que destrói qualquer cabelo. Tá, na primeira vez o cabelo pode ficar lindo, porque, afinal, tá “embalsamado”… Mas vem conversar na quinta vez, tá? E eu falo por experiência própria…
4- Escova Disciplinante Argan Alta Moda
Ativo: Ácido Glioxílico
Status: Reprovada!
Essa escova da Alta Moda informa ser 0% formol, amônia, parabeno e sal. Além disso, contém a informação de que pode ser usada pra cauterização, selagem e blindagem térmica.
Juro que quando li o nome “cauterização”, que é um tratamento para recuperar os cabelos, fiquei em choque, pois assim como todas as outras, o que esse escova tem é ácido glioxílico, aquele que acaba o cabelo! Então, como é que coloca a informação de que essa bomba é uma cauterização, um tratamento capilar?
5- Escova Semi di Lino Alta Moda
Ativo: Ácido Glioxílico
Status: Reprovada!
Assim como a versão de argan, a escova de Semi de Lino da Alta Moda informa ser isenta de formol, amônia, parabenos e sal. Tal qual a anterior, diz poder ser usada pra blindagem térmica, cauterização e selagem.
A pergunta é só uma: vai cauterizar com ácido glioxílico? É uma cauterização pra acabar o cabelo, né? Vergonhoso!
Ou seja, não procurem soluções onde elas não existem. Vocês acham que se o ácido glioxílico fosse seguro as grandes marcas, que são líderes do mercado, como L´Oréal, Redken, Joico e outras do mesmo “calibre”, não teriam lançado as suas? É só raciocinar um pouco pra notar que existe alguma coisa errada, e o preço por esse “erro” quem paga é o seu cabelo!
Qualquer, eu disse qualquer, produto que prometa alisar os fios e não tenha um dos alisantes liberados pela Anvisa são perigosos para o seu cabelo, porque, com certeza, possuem ativos que, de uma forma ou de outra, agem como formol!
No próximo post coloco mais dessas escovas, e também um ativo que vem sendo muito utilizado em produtos desse tipo (oxoacetamida ), que nada mais é que ácido glioxílico “disfarçado”.
Já fiz outros posts sobre o assunto, é bom dar uma lida: