A pergunta que mais recebo aqui é sobre uma progressiva boa e sem formol. Já falei sobre isso diversas vezes e já fiz dois posts aqui no blog sobre o assunto (AQUI e AQUI). Mas, diante de tantas perguntas resolvi explicar de forma mais clara porque isso é uma furada e porque estar registrado pela ANVISA não quer dizer absolutamente nada. E sim, ácido glioxílico também é furada!
Seja escova progressiva, selagem ou botox capilar, se promete fios lisos por até três meses e tem compatibilidade com todas as químicas, pode ter certeza que tem alguma coisa errada. Porquê? Porque isso é impossível, a menos que o ativo “alisante” seja o formol, seus derivados ou substâncias que atuem juntas e funcionem como ele.
Sobre o ácido glioxílico
O fato de ser certificado pela ANVISA não garante nada, aprendam isso. Infelizmente todos esses produtos estão registrados na ANVISA como grau 1, ou seja, o mesmo grau do condicionador, do shampoo e das máscaras que você usa. Esse processo de liberação do registro é feito pela internet através de um formulário eletrônico. Ou seja, basta que a marca informe qual é a composição, solicite o registro como tratamento para os cabelos, pague as taxas e assine um termo dizendo que trata-se apenas de um tratamento. Fácil, né?
Traduzindo, é isso: não existe controle e cada um faz o que quer, é só colocar que é um tratamento, e a imensa maioria ( pra não dizer todas) das marcas que comercializam essas escovas e selagens fazem isso. Simples!
Daí, as empresas informam que é tratamento, e colocam algum dos ativos da família do formol, como o ácido glioxílico, que nada mais é do que um ácido formilfórmico, que age alterando a estrutura dos fios, já que abre as cutículas, rompe as pontes de enxofre e “alisa” o cabelo ( o ácido glioxílico é o mais simples dos ácidos-aldeídos, e essas escovas geralmente levam ácido lático, porque a reação de um com o outro gera a liberação de moléculas de formol quando submetidos ao calor térmico).
Ácido glioxílico alisa o cabelo?
O problema é que se existe alteração na estrutura dos fios, qualquer que seja, o produto tinha que ser grau II, que é onde estão os alisamentos e relaxamentos.
Tá, mas isso tem algum perigo? CLARO que sim! Primeiro a empresa mentiu pra Anvisa e não passou por nenhum tipo de teste. A cobaia, amiga, é você. Segundo, ela mentiu pra você.
Você vai mesmo confiar? Quer ser cobaia de marca que não te respeita e que mente pra você? Que mente pra Anvisa? Se está mentindo, aí tem, né? Porque se tivesse tudo certinho, ninguém precisaria mentir.
Nenhuma marca top tem escova progressiva… Já perceberam isso? Vocês acham que se existisse algo que alisasse o cabelo por até três meses e fosse compatível com todas as químicas, as grandes marcas, como a L´Oréal, que trabalha com alisamentos, não teria lançado a sua e desbancado todas as outras?
É só raciocinar um pouquinho pra ver que tem coisa errada aí…
Ácido glioxílico é seguro?
Eu sei que muita gente usa e diz amar nas primeiras vezes, mas eu quero saber é dos resultados a longo prazo, porque todos os cabelos que eu vi, e eu vi muitos, se acabaram com escova progressiva, selagem e botox, inclusive o meu, que caiu pela metade no fim do ano passado por causa de uma suposta selagem que, pelo rótulo, não tinha nenhuma substância derivada do formol, e prometia tratar o cabelo. Só que até isso era mentira, porque eu tive uma reação alérgica grave, meu couro cabeludo queimou e foi preciso entrar em contato com a marca, que só assim informou que o ativo utilizado era o tal do ácido glioxílico.
Claro que cabe a vocês decidirem o que fazer com seus cabelos, mas a minha função é alertar para a realidade, e a realidade é que todas elas são mentirosas.
Todo dia chega alguém aqui no blog pra falar de uma suposta escova milagrosa, que faz sucesso no país A ou no país B e que é livre de formol e derivados… Daí eu pergunto qual a composição e qual o registro, porque se for registrada como grau I, não pode prometer alisar, porque se promete alisar vai alterar a estrutura, e se altera a estrutura é grau II. Aí a pessoa ou some ou começa a discutir, a dizer que eu deveria ir “pesquisar”.
Usar ou não usar escovas com ácido glioxílico?
Várias empresas já entraram em contato comigo pra publis com essas escovas, várias. Mas TODAS desaparecem depois que digo que faço sim, mas que primeiro vou enviar o material pra análise no laboratório da universidade daqui… Interessante, não? Eu acho…
Além de interessante, é revelador. Afinal, quem não deve, não teme, né?
Por fim, a Anvisa já se pronunciou sobre isso, alertando que os produtos indicados para alisar os cabelos são os que contém as substâncias permitidas para alisamento (grau 2). Quais substâncias são essas? O tioglicolato de amônio, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio e carbonato de Guanidina/ Hidróxido de Guanidina.
Dessa forma, qualquer produto que prometa alisar e não tenha essas substâncias não é autorizado para tal fim.
E, gente, cada um faz o que quiser, jamais apontaria o dedo pra ninguém por qualquer motivo. Só acho que é nosso direito fazer escolhas tendo as informações corretas. E é isso que nós não temos. É por isso que brigo, que bato nessa tecla sempre.
E a (ir)responsabilidade disso é das marcas. Simples assim.
Beijos, Ju
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