Sempre bati na tecla de que beleza não tem idade, e trouxe hoje uma pessoa muito especial pra falar um pouquinho sobre isso com a gente: a apresentadora Júlia Pinheiro!
A Júlia apresenta o Queridas Manhãs na SIC, lá em Portugal, um programa matinal diário, é escritora, autora de um site que leva o seu nome (clica aqui pra ver, tem muita coisa legal!), e uma mulher que, além de linda, é incrível!
Com vocês, a Júlia…
Beleza aos 50 (e depois também!)
Há uns meses, deparei-me com títulos como este na mídia portuguesa: “Júlia Pinheiro mostra boa forma em biquíni” (revista Lux e Caras).
A imprensa cor de rosa tinha decidido publicar as fotos que partilhei no meu Facebook e site, de biquíni, durante as minhas férias de verão. A primeira reação foi de surpresa e positiva: aos elogios das imagens que fizeram notícia, sucederam-se tantos outros lisonjeiros comentários de seguidores.
A foto “pegou” e encorajou outras figuras públicas pós-45/50 a “aparecerem” e a fazerem repensar as nossas ideias e ideais de beleza. Eu chamei-lhe o empowerment das grannies (empoderamento das avós), aproveitando o fato de que na altura estava prestes a ser avó pela segunda vez.
Mas esta revelação e a presença de mulheres mais maduras – ou fora dos padrões habituais de beleza – tem vários outros “nomes”.
Um deles chama-se Sandra Passos e vem precisamente do Rio de Janeiro. Descobri-a há dias, num jornal internacional. Inspira-me esta história da outrora catadora de lixo nas favelas e hoje Cinderela, proprietária de uma agência de modelos na China, que quer mostrar que a moda não é apenas sinônimo de mulheres altas, loiras e esculturais.
Sempre que se fala de beleza, nunca consigo desligar-me também do nome Zemeenah Rossi, esta modelo (que nunca envelhece e) que aos 60 anos participou do lançamento de uma coleção de roupas de banho.
A beleza tem vários sinônimos e enquanto espectadora do mercado, apercebo-me de que as marcas estão atentas àquela que é uma das 10 tendências mundiais de consumo, segundo o Relatório Euromonitor International: Ageing.
Aqui apenas entre nós mulheres, e resumindo: “Você pode ser maravilhosa aos 30, charmosa aos 40, e irresistível para o resto da sua vida” – Coco Chanel.
Mês passado completei 35 anos e, sendo bem honesta, envelhecer tem me feito muito bem, sobretudo porque perdi o medo dessa palavra e de tudo o que ela representa.
Porque sim, apesar dos milhares de apelos pela juventude eterna, eu, você e todo mundo estamos envelhecendo, e não tem nada de trágico ou errado nisso.
Errada é a forma como fomos (e somos!) ensinadas a falar, pensar e sentir o passar dos anos, como se fosse algo vergonhoso, que devesse ser combatido a qualquer custo. Como se o passar dos anos determinasse, em relação a beleza, o nosso “prazo de validade”.
Não deveria, mas beleza costuma ter idade. Chega uma hora que você é vista como “velha demais” pra ser bonita (e pra dezenas de outras coisas), e isso a gente vê de forma clara ou velada nas campanhas publicitárias, nas capas de revista, nas novelas, nos filmes, em todos os lugares, todos os dias.
Fala-se muito em democratização da beleza, que é uma coisa maravilhosa, mas não se enganem, ela também tem idade. Hoje, ao contrário de anos atrás, já olhamos para mulheres que não estão dentro do padrão de beleza estabelecido e reconhecemos a beleza ali.
Claro que ainda temos muito chão pela frente, mas, em regra, não é mais a preta, a gorda, a magra, a “japa”, a cacheada ou a crespa bonita. É uma mulher bonita, ponto.
Mas, o mesmo não acontece com mulheres mais velhas, e olha que esse “mais velha” é, pra mim, bem jovem, viu? Se perto dos 30 o “desespero” bate a porta, porque passamos a vida acreditando que essa era a porta do envelhecimento, essa coisa horrorosa (contém ironia…), com 35, 40 já passamos do ponto e daí pra frente é “ladeira abaixo”: podemos ser muita coisa, exceto bonitas.
Podemos ser saradas, “enxutas”, gostosas, charmosas, interessantes, jovens pra nossa idade (adoro essa! rs), maravilhosas, incríveis e trocentas coisas mais, exceto bonitas. E quando, por puro acaso, o termo “bonita” é utilizado, não vem acompanhado de “mulher”… É uma senhora bonita, uma coroa bonita, uma mãe bonita, mas não uma mulher bonita.
Existem exceções? Sim, pra confirmar a regra.
Já perceberam isso? Eu já, e isso é uma loucura, gente…
Só que é uma loucura que rende, porque cria uma não aceitação tão grande que faz com que, sem perceber, a gente perca a perspectiva do que somos e do que devemos ser. E isso gera uma busca desenfreada por uma “juventude” irreal e inalcançável, e aí a pessoa paga o que pode e o que não pode pra se encaixar, pra se adequar, pra continuar sendo vista como uma mulher bonita.
Sabe o resultado disso? Uma insatisfação enorme e uma autoestima que despenca dia após dia, porque não importa o que a gente faça, o tempo vai continuar passando e vamos continuar envelhecendo. Cada vez mais infelizes, claro.
Isso não significa, óbvio, que é errado se cuidar da forma que você bem entender. Não é errado e não tem nada demais fazer botox, preenchimento, plástica ou qualquer outra coisa, desde que isso te faça bem.
O que não dá é pra condicionar a sua beleza a uma idade, muito menos a uma idade que você não tem. Pra mim não faz o menor sentido ter 35 e fazer qualquer coisa pra ter uma carinha de 20, como se a minha beleza estivesse condicionada a “carinha de 20”, porque, sinto informar, ela não está.
O problema, claro, não é a “carinha de 20”. O problema é achar que só posso ser bonita se tiver a carinha de 20.
Eu quero ser uma mulher de 35 anos como uma linda mulher de 35 anos, nem mais, nem menos. Quero continuar envelhecendo com serenidade, usando o passar dos anos e tudo o que ele trouxer como aliado, não como um inimigo a ser combatido a qualquer custo.
Quero me olhar no espelho sem vergonha, sem esconder minhas marcas ou meus supostos defeitos nem me desculpar por eles. Quero continuar enxergando a minha beleza em cada idade. Beleza que o tempo, ao deixar tantas marcas diferentes, não diminui, só aumenta. Beleza de quem não só se sente, mas “se sabe” bonita.
Quero me reconhecer sem filtros, me cuidar para me sentir cada vez melhor, porque isso também me faz feliz.
Mas, não vou entrar no surto de querer parecer o que não sou, enquanto deixo escapar toda a beleza de quem, hoje, eu sou. E se posso te dar um conselho, não queira isso também.
[Ah, e se quiser participar do nosso Mulher de 30, um grupo fechado lá no Facebook, é só clicar aqui. ]
P.s: Já subo o áudio!
Beijos, Ju♥
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Beleza não tem idade. Nunca teve. Mas nós, infelizmente, fomos criadas acreditando em beleza com prazo de validade, como se depois de uma certa idade fosse impossível encontrar algo de belo ali. E aqui.
Sempre acreditei em beleza de dentro pra fora, naquela coisa mágica que tem muito mais a ver com o nosso estado de espírito que com qualquer outra coisa. E, até por isso, venho encarando o passar dos anos com serenidade, tentando fazer dele um aliado, não um inimigo.
Mas, confesso, pensar assim é como ir contra a maré, sabe?
Não, beleza não tem idade!
Não bastassem todos aqueles padrões de beleza com os quais somos bombardeadas todos os dias, as capas de revista, os filmes, as campanhas publicitárias e todo o resto transmitem, de forma clara ou velada, a mensagem de que depois de uma certa idade nós podemos ser muitas coisas, exceto bonitas.
Não que eu me preocupe com isso, mas são padrões demais. E todos errados, porque assim como não dá pra encaixar a beleza em um padrão, não dá pra encaixá-la numa idade, porque beleza, mas beleza de verdade, tem um quê de mágica que a gente não consegue definir, que dirá “encaixar’.
E é por isso que te digo, com absoluta certeza, que tudo isso é um equívoco, e que não, beleza não tem idade, porque quando olho no espelho hoje, com 34, vejo muito mais beleza que há 10 anos atrás.
Tem muito mais vida aqui dentro. Tem muito mais histórias em cada uma dessas linhas que surgem no meu rosto. Mais experiências também. Tem mais alegrias, mais amor, mais força e mais ternura, sobretudo por mim mesma. Tem mais confiança, muito mais. E segurança também.
E tudo isso me deu muito mais leveza. E beleza.
Não aquela beleza vazia dos traços perfeitos. Não, essa é de outro tipo, não está no potinho e dinheiro nenhum pode comprar. É aquela beleza que vem de não sei onde e irradia. Aquela de quem aprendeu a se adorar demais.
Beleza de quem não tem vergonha nem esconde seus supostos “defeitos”. De quem não se desculpa por eles, como, sim, já fiz um dia. De quem aprendeu, dia após dia, durante muitos anos e a duras penas, a se respeitar, a se amar de dentro pra fora.
Beleza que o tempo, ao deixar tantas marcas diferentes, não diminui, só aumenta. Beleza de quem não só se sente, mas “se sabe” bonita. Bonita demais.
Essa beleza não tem idade não, e é ela, justamente ela, que quero ver, sempre, em cada uma de nós.