É bom ter amigos homens, muitos de preferência. A coisa corre de forma mais leve, mais engraçada, mais livre. Ao invés de passar a tarde de sábado no shopping vendo as mesmas lojas, você passa se divertindo de verdade. Você descobre botecos, vira profunda conhecedora da casa alheia (a.k.a conhecida como “palco de festas”), faz viagens divertidíssimas, frequenta os lugares mais improváveis, aprende que bate-volta pra festas em cidades vizinhas é tudo de bom (ninguém te conhece, dá pra fazer o que quiser…), gargalha mais, se importa menos e, se for uma boa observadora, fica esperta, e é aí que mora o problema.
O problema é que convivendo tanto com tudo isso a gente “pega a manha” da malandragem masculina, e aí ó, adeus romantismo! E adeus acreditar, e nem pensar em confiar, e tome-lhe a analisar cada palavra dita, cada silêncio que grita, cada detalhe, cada gesto, cada olhar.
Já vi, e não foram poucas as vezes, amigo deixar a namorada em casa numa noite qualquer e, sem seguida, partir pra festas intermináveis, pegações absurdas e farras sem fim. Claro que ele ligava quando “chegava em casa” pra avisar que ia dormir. Sei. Dormir, nesses casos, só se for com a outra, ou as outras.
Já vi nêgo criar doença (dele, do pai, da mãe, do irmão, do vizinho…), acidente, problemas urgentes… Já vi congressos em outras cidades (que eles foram, mas não estiveram presentes), reuniões que jamais existiram, propostas irrecusáveis e dezenas de outras desculpas pra ganhar alguns dias e noites “por fora”.
Já vi quem enganava a namorada em casa, com a “enteada da mãe”. Com a amiga da irmã. Com a vizinha. Com a amiga da namorada, a prima da namorada e, certa vez, com a tia da namorada. Não, ninguém está a salvo, acreditem. E nem pense que “alguém vai te contar” porque isso é, na esmagadora maioria das vezes, ilusão. E só pra deixar a coisa ainda mais escancarada, já vi mães que não só acobertavam, mas estimulavam, e dando risada…
Vi as desculpas mais esfarrapadas, as declarações de amor mais lindas (e falsas), as mentiras mais deslavadas pra conseguir o que querem, os maiores absurdos… E não só vi como, de certa forma, já compactuei com isso inúmeras vezes, porque ninguém entrega amigo (#culpada) e quem cala consente. É, eu já me calei. E sim, podem me julgar.
E quando eu falo que já vi tudo isso, não tô falando dos “cafa” tradicionais, daqueles que são sacanas e ponto final. Não. Tô falando de namorados exemplares, daqueles que toda mãe pediu aos céus, de caras incríveis de verdade, que são atenciosos, que cuidam, que fazem tudo pela outra pessoa, sabe? Pois é…
Quantas e quantas vezes questionei isso… E o que mais ouvi foi que “homem é assim”, que não é falta de amor por uma, é excesso de “amor” por todas. Eles amam sim, mas não querem (ou conseguem) abrir mão de todo o resto…
Já vi sim muita bagaceira, mas já vi também quem mentia que estava indo dormir porque queria simplesmente encontrar os amigos pra conversar, dar risada só com a turma, mas a namorada não entendia… Quem queria simplesmente “respirar” e precisava mentir porque a menina achava que tinha que ficar grudada o tempo todo. Já vi quem ia pras festas escondido e não fazia nada demais, mas precisava mentir porque a outra parte jamais aceitaria.
Não só vi como ouvi cada história…Ahhhh se meus ouvidos falassem!
Lógico que não dá pra generalizar (toda unanimidade é burra, né?), porque cada pessoa é um universo e esse universo muda todos os dias, mas conviver com isso tão de perto e por tanto tempo me deixou mais “reticente”, o que é uma pena, porque a gente acaba perdendo a beleza do acreditar, do mergulhar de cabeça, sem medos de qualquer tipo, e isso é triste.
Mas foi bom também, bom pra não cair em ciladas, em desastres anunciados, pra ver os vários lados de uma mesma situação e entender que não existem príncipes e princesas, pessoas perfeitas, sabe?
É bom ter os “pés no chão”, saber que por mais incrível que seja uma pessoa ela comete erros, às vezes erros enormes, assim, aliás, como eu, como você, né?
É, ter muitos amigos homens acabou com meu romantismo, me deixou desconfiada, às vezes neurótica, mas me deu também um “chá de realidade” que dificilmente eu teria de outra forma… Obrigada meninos!
Beijos e bom domingo!
Ju