16.09.2017

Sobre Como O Julgamento Alheio Impacta Nossas Vidas

Quando comecei a escrever esse post ontem, ele começava de maneira diferente, mas fui desabando frase por frase e não consegui continuar.

Dias atrás criei um grupo fechado no Facebook chamado “Mulher de 30”, um lugar pra gente dividir muito mais que dicas de beleza. Um lugar pra dividir a vida mesmo, sabe? As dúvidas, as dores, as angústias, os medos, as alegrias, as descobertas e tudo aquilo que a gente vive e abafa, e “esquece”.

Um lugar pra compartilhar quem e o que somos e vivemos, onde a única regra é compreender com amor e não julgar.

E aí perguntei por lá o que vinha causando angústia, tristeza e ansiedade, dividi um pouco do que estava sentindo, vocês fizeram o mesmo e sentei pra escrever esse post.

Fui relendo cada comentário, me reconhecendo em muitos, imaginando e sentindo, aqui na alma, toda a pressão, o julgamento e as milhões de cobranças que cada uma de vocês relatou e desabei.

Não consegui terminar o post, não consegui fazer mais nada o dia todo, só chorei. E chorei muito. Por vocês, por mim e pelo tanto de estrago que tudo isso causa, sabe?

julgamento alheio

Saí de casa no final da tarde, fui na livraria, um lugar que sempre me acalma, onde me sinto acolhida e em paz, escolhi alguns livros, cheirei tantos outros (amo cheiro de livro! rs), dei a sorte de encontrar Mulheres Que Correm Com Os Lobos, um livro que amo e já indiquei aqui, mas tinha emprestado e acabei ficando sem.

Voltei pra casa, li um pouco e dormi cedo, coisa que raramente faço. Acordei bem melhor e sentei pra recomeçar esse post porque preciso que vocês saibam que não estão sozinhas.

Todas nós, em maior ou menor grau, passamos por isso, infelizmente. E por trás de cada foto incrível postada numa rede social existe uma pessoa real, com suas dores, crises, alegrias, tristezas e muito mais do que a gente pode imaginar.

E existe também a pressão pela vida ideal, com a carreira ideal, o relacionamento ideal, a segurança emocional e financeira ideal, a aparência ideal e todos os outros “ideais” pelos quais somos, de forma clara ou velada, cobrados e julgados todos os dias.

Porque não importa a escolha que você faça, você sempre será julgada. Não importa se você está bem,  feliz, com tudo dando certo.

O que importa é se você está seguindo o script, se você está dentro do que idealizaram pra você. Porque se você não está, se não faz o que é esperado, continuam te julgando e cobrando do mesmo jeito.

E é triste constatar que, como a disse a Mara lá no grupo,“a impressão que dá é que tu és uma pessoa de segunda classe, só por não fazer o que os outros querem que tu faças”.

julgamento alheio

É pesado, mas é real.  E quanto mais o tempo passa, quanto viramos a esquina dos anos, maiores são as pressões e os julgamentos, e sobre isso todo mundo comentou no grupo.

Se você está na profissão “certa”, te cobram porque você ainda não ganha o que deveria. Se escolhe ter filhos, te julgam porque vai “comprometer” seu sucesso profissional. Se resolve se dedicar aos filhos e não trabalhar fora de casa, te olham torto, mas se volta ao trabalho questionam que tipo de mãe você é.

Se escolhe não ter, te julgam do mesmo jeito. E a mesma coisa acontece com toda e qualquer escolha que você faça na sua vida, porque cada um tem a fôrma ideal do que você deveria ser.

E isso pesa, gente. Pesa porque a vida tá aí, passando rápido, e a gente fica tentando se descobrir, se enxergar, se encontrar, fazer e acontecer enquanto é bombardeado por cobranças e julgamentos de todos os lados.

Pesa porque ficar imune a isso não é tão simples como eu gostaria, afinal, nos vemos, também, pelo olhar do outro.

E por isso acho tão importante ter por perto pessoas que nos apoiem, que nos enxergue com olhos de amor, respeito e compreensão. É vital, também, que enxerguemos o outro da mesma forma, sempre.

Não faço ideia de como mudar isso, porque a gente não tem poder sobre o outro, mas temos sobre nós mesmas. Você não pode mudar o que o outro faz, pensa e diz, mas pode mudar, pouco a pouco, a forma como você reage a isso.

Não é fácil, e demorei muito tempo pra entender que, por fazer escolhas diferentes, não era inadequada, errada ou ruim. Estava apenas exercendo o direito de ser quem eu sou. De fazer minhas próprias escolhas, e arcar com as consequências dela. De construir a minha vida da melhor forma que posso, com o que tenho em mãos.

Aprendi, a duras penas, que ceder as expectativas alheias destruiria o que eu sou, e que vale muito mais manter meu ser inteiro, íntegro, que me isolar de mim mesma pra caber na caixinha do outro.

Ainda me incomodo com tudo isso, mas a cada dia o peso dos dedos apontados e dos julgamentos berrados silenciosamente têm me afetado menos.

Espero que algum dia eles não afetem mais, nem a mim nem a vocês.

* Pra conferir esse conteúdo em áudio é só clicar aqui.

Beijos, Ju♥

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18 comentários
  1. Nat  16/09/2017 - 14h22

    Meeeeuuu Deeeus! Eu agora SÓ queria poder chorar abraçada com esse povo do grupo fechado, do qual não faço parte pq não tenho facebook rsrs, te abraçar e chorar horrores Ju! Chorar tudo que tá engasgado aqui dentro e não posso colocar pra fora! Excelente post!!!!!!! Beijoo

    • Ju  17/09/2017 - 13h46

      Nat, meu amor, me abraçaaaa! Tamo junta, mesmo! <3

  2. Regina Ribeiro  16/09/2017 - 19h36

    Ju!
    Querida! Seu texto intimista escancara nossa realidade que apesar de triste é a única que temos .
    É incrivelmente melhor moldar a realidade a ser moldado por ela mas sempre, sempre, “pagaremos” por nossas escolhas como você bem disse.
    No fundo, no fundo, melhor assim. Com o tempo nosso escudo vai ficando mais forte…
    Grande abraço :)

  3. Ericka  17/09/2017 - 13h35

    Impecável! <3

  4. Daniele  17/09/2017 - 13h45

    Sem palavras com esse post ,a cada palavra q lia via minha vida passando como um filme ,e muito bom saber q não estou sozinha e tenho fé que um dia isso não nos afetará mais ,um abraço Ju

  5. Morgana  18/09/2017 - 08h56

    Nossa me identifiquei com vc. Tenho facilidade em compreender as pessoas e entender suas escolhas porém na vida me sinto inadequada como se estivesse fora do ninho mas é o preço que pago por optar em fazer o q desejo e me deixa feliz! Parabéns pelo post! Ele acalanta o coração da gente!

  6. Vitoria  18/09/2017 - 09h21

    Ameei, bem o que estou passando no momento que dizer quase toda a minha vida…

  7. Lilian  18/09/2017 - 12h24

    Me identifiquei muito, estou grávida aos 33 anos e mesmo assim ainda me sinto culpada por essa decisão. No trabalho já começou um tipo de repreensão, minha chefe estava indo a uma reunião e chegou a dizer “aproveite para dormir”

  8. Mary Marques  18/09/2017 - 15h02

    Acho que vou fazer um face só pra entrar nesse grupo pois ele me representa e juntas somos mais fortes! Texto maravilhoso Ju. Hj tb me sinto cada vez menos incomodada com os julgamentos alheios e um dia tenho certeza que não me encomodarei mais de jeito nenhum e nem vcs. Afinal ninguém paga nossas contas.

  9. Fùlvia Vaz  18/09/2017 - 16h12

    e quando a pessoa q nos julga e no cobra é nosso próprio conjuge? vc se sente aprisionada sufocada dentro da propria casa pq c vc vacila 1 cm vc n vale mais nada

  10. Emanuella  18/09/2017 - 17h02

    Vou nem comentar, senão vou chorar.

  11. valdirene  18/09/2017 - 21h40

    Boa noite, Ju

    Lindo texto, muitas vezes também sou cobrada, por não ter casado na igreja, no ter filhos e outra coisas mais. Acredito que não devemos nos abalar com as pessoas cobrando aquilo que não queremos no momento, ultimamente não estou me importando muito com a opinião alheia. Pois eu sei o que é melhor pra mim e acredito que quem decidi minha vida sou eu , e que ninguém deve ser intrometer nas minhas decisões.

  12. Laura  18/09/2017 - 21h57

    Ju, me separei depois dos trinta e as pessoas que mais me julgaram foram as mulheres. Eu vejo muito machismo nas relações femininas… infelizmente. Na minha família sempre sofri pressão da minha mãe e tias para ser magra, para casar, ter filhos. Quando quebrei essa expectativa foi como se eu fosse uma pessoa de segunda classe, parafraseando o texto.
    Espero que mães, amigas, colegas tenham mais empatia umas com as outras.
    Bjus,
    Laura

    • Ju  19/09/2017 - 09h13

      Lau, com certeza, mesmo, mesmo, mesmo!

  13. Alice  19/09/2017 - 08h36

    Oi Xuxu! É tenso mesmo! Estou c/51 anos e nunca me senti tão cobrada como agora! Acho que porque o tempo está batendo forte a minha porta e ainda tenho 03 filhos pré-adolescentes. E aí, por incrível que pareça, me sinto cobrada por mim mesma. Penso que tipo de pessoa sou p/meus filhos, o que eles vêem quando me olham, que tipo de mulher minha filha vê em mim? Quero ser exemplo de mulher forte, determinada, batalhadora, independente, mas a todo momento desmorono, enfraqueço, desânimo, perco o foco e me sinto péssima. É muito louco isso! Como fugir dos olhinhos imaginários dos filhos, como ignorar, não dar satisfação e não se sentir morta por dentro? Não sei!

  14. Carla  19/09/2017 - 09h51

    Juuuuu vc é um escândalo de coisas boas ❤️
    A cada novo projeto vc se supera e leva com vc o amor que espalha… Isso é maravilhoso!
    Nos Identificamos muito com cada palavra que vc expressa com tanto carinho…
    Tenho 44 anos, não sou casada, resolvi não ter filhos, terminei um namoro de alguns anos faz 6 meses e estou sozinha!
    Sou formada na área de humanas com 2 pós graduações e por 15 anos trabalhei muito com pessoas portadoras de transtornos mentais… Cansada do sistema e da dificuldade da área de saúde tem 7anos que abandonei tudo… Mudei de cidade… Mudei de profissão… E hj estou muito mais realizada no caminho que escolhi.
    Tenho um site de miniaturas de perfumes que é meu 2o trabalho e amooooo!
    Sinto muita pressão por muitas decisões tomadas… Mas sou firme e me sinto muito mais feliz hj por ser dona do meu nariz.
    Só sinto que uma mulher hj com perfil independente e dinâmica tem muita dificuldade em encontrar um parceiro que a acompanhe e apoie totalmente… Os homens tem sido educados como mocinhos frágeis e dependentes da mulher… Infelizmente!
    Mas continuo desbravando meu mundo… Rsrrs
    Um bjo meninas

  15. Laura  20/09/2017 - 21h23

    Oi Ju! Obrigada por esse texto maravilhoso! Me emocionou muito porque nossa… como me sinto julgada nesta vida. Por tudo mesmo como vc disse, por não querer ter filhos, por ter tatuagens, por sei lá que mais , por tudo. Precisava do fundo do coração ler e saber que não estou sozinha! Te agradeço demais que vc tenha tido o animo de terminar de escrever pq me fez muito bem. Me relembrou muito um livro que uma vez vc indicou, Os Quatro Compromissos, principalmente aquilo de não leve o que as pessoas falam como de vc como algo pessoal porque na verdade elas estão expondo o que está dentro delas… acho até que vou reler o livro. Vc é uma pessoa especial Ju! Obrigada por existir.

  16. Ana Paula  21/09/2017 - 11h46

    Me identifiquei demais com esse tema. Meu Deus, outro dia encontrei um primo e ele quase me intimou se eu já tinha casado, que eu já tinha 30 anos e estava na hora… a impressão que eu tive é que se eu casar a vida dele vai mudar, o salário vai aumentar, sabe? Outro dia foi uma outra prima minha, questionou em tom de cobrança se eu e minha irmã não iríamos dar um netinho para minha mãe. Afff…gente eu estou bem, feliz, com saúde, trabalhando, namorando, não estou derrotada. Parece que para ser completa precisa seguir a receita do bolo, caso contrário parece que você não é feliz porque não seguiu os padrões. Evoluímos tanto em tecnologia e regredimos como seres humanos. Eu sei o que é bom para mim, pode acreditar kkk e eu sou muito aberta às decisões de cada um. Se você é feliz sozinho ok, se separou 10 vezes ok, se namora há 15 anos ok, se mora com 50 gatos ok gente. Você sabe o que é bom para você. O que seria do azul se todo mundo gostasse de verde? Em pleno ano de 2017 ainda nos deparamos com mentes extremamente fechadas. Mas faço as coisas na minha vida quando bem me dá vontade, nem ligo kkkkk. E isso é o que mais incomoda as pessoas, porque todo mundo faz “x” e ela faz “y”, é simples…porque eu quero kkkk. Bjs linda!!!!!

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Fiz a escova da Marie Luise e amei. Só faço ela.
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