Quando comecei a escrever esse post ontem, ele começava de maneira diferente, mas fui desabando frase por frase e não consegui continuar.
Dias atrás criei um grupo fechado no Facebook chamado “Mulher de 30”, um lugar pra gente dividir muito mais que dicas de beleza. Um lugar pra dividir a vida mesmo, sabe? As dúvidas, as dores, as angústias, os medos, as alegrias, as descobertas e tudo aquilo que a gente vive e abafa, e “esquece”.
Um lugar pra compartilhar quem e o que somos e vivemos, onde a única regra é compreender com amor e não julgar.
E aí perguntei por lá o que vinha causando angústia, tristeza e ansiedade, dividi um pouco do que estava sentindo, vocês fizeram o mesmo e sentei pra escrever esse post.
Fui relendo cada comentário, me reconhecendo em muitos, imaginando e sentindo, aqui na alma, toda a pressão, o julgamento e as milhões de cobranças que cada uma de vocês relatou e desabei.
Não consegui terminar o post, não consegui fazer mais nada o dia todo, só chorei. E chorei muito. Por vocês, por mim e pelo tanto de estrago que tudo isso causa, sabe?
Saí de casa no final da tarde, fui na livraria, um lugar que sempre me acalma, onde me sinto acolhida e em paz, escolhi alguns livros, cheirei tantos outros (amo cheiro de livro! rs), dei a sorte de encontrar Mulheres Que Correm Com Os Lobos, um livro que amo e já indiquei aqui, mas tinha emprestado e acabei ficando sem.
Voltei pra casa, li um pouco e dormi cedo, coisa que raramente faço. Acordei bem melhor e sentei pra recomeçar esse post porque preciso que vocês saibam que não estão sozinhas.
Todas nós, em maior ou menor grau, passamos por isso, infelizmente. E por trás de cada foto incrível postada numa rede social existe uma pessoa real, com suas dores, crises, alegrias, tristezas e muito mais do que a gente pode imaginar.
E existe também a pressão pela vida ideal, com a carreira ideal, o relacionamento ideal, a segurança emocional e financeira ideal, a aparência ideal e todos os outros “ideais” pelos quais somos, de forma clara ou velada, cobrados e julgados todos os dias.
Porque não importa a escolha que você faça, você sempre será julgada. Não importa se você está bem, feliz, com tudo dando certo.
O que importa é se você está seguindo o script, se você está dentro do que idealizaram pra você. Porque se você não está, se não faz o que é esperado, continuam te julgando e cobrando do mesmo jeito.
E é triste constatar que, como a disse a Mara lá no grupo,“a impressão que dá é que tu és uma pessoa de segunda classe, só por não fazer o que os outros querem que tu faças”.
É pesado, mas é real. E quanto mais o tempo passa, quanto viramos a esquina dos anos, maiores são as pressões e os julgamentos, e sobre isso todo mundo comentou no grupo.
Se você está na profissão “certa”, te cobram porque você ainda não ganha o que deveria. Se escolhe ter filhos, te julgam porque vai “comprometer” seu sucesso profissional. Se resolve se dedicar aos filhos e não trabalhar fora de casa, te olham torto, mas se volta ao trabalho questionam que tipo de mãe você é.
Se escolhe não ter, te julgam do mesmo jeito. E a mesma coisa acontece com toda e qualquer escolha que você faça na sua vida, porque cada um tem a fôrma ideal do que você deveria ser.
E isso pesa, gente. Pesa porque a vida tá aí, passando rápido, e a gente fica tentando se descobrir, se enxergar, se encontrar, fazer e acontecer enquanto é bombardeado por cobranças e julgamentos de todos os lados.
Pesa porque ficar imune a isso não é tão simples como eu gostaria, afinal, nos vemos, também, pelo olhar do outro.
E por isso acho tão importante ter por perto pessoas que nos apoiem, que nos enxergue com olhos de amor, respeito e compreensão. É vital, também, que enxerguemos o outro da mesma forma, sempre.
Não faço ideia de como mudar isso, porque a gente não tem poder sobre o outro, mas temos sobre nós mesmas. Você não pode mudar o que o outro faz, pensa e diz, mas pode mudar, pouco a pouco, a forma como você reage a isso.
Não é fácil, e demorei muito tempo pra entender que, por fazer escolhas diferentes, não era inadequada, errada ou ruim. Estava apenas exercendo o direito de ser quem eu sou. De fazer minhas próprias escolhas, e arcar com as consequências dela. De construir a minha vida da melhor forma que posso, com o que tenho em mãos.
Aprendi, a duras penas, que ceder as expectativas alheias destruiria o que eu sou, e que vale muito mais manter meu ser inteiro, íntegro, que me isolar de mim mesma pra caber na caixinha do outro.
Ainda me incomodo com tudo isso, mas a cada dia o peso dos dedos apontados e dos julgamentos berrados silenciosamente têm me afetado menos.
Espero que algum dia eles não afetem mais, nem a mim nem a vocês.
* Pra conferir esse conteúdo em áudio é só clicar aqui.
Beijos, Ju♥
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