Convivência, desculpem o peso da palavra, é foda. Convivência é o que, na grande maioria das vezes, acaba com as relações, e não poderia ser diferente, afinal, se pessoas que fazem parte da mesma família, que tiveram a mesma criação, as mesmas oportunidades e experiências similares não conseguem conviver sem discordâncias, como é que dois estranhos vão conviver todos os dias sem discordar? É querer o impossível!
Sim, você pode amar o Maurício, o Joaquim ou o João, mas quando você chega em casa de TPM, após horas perdidas no trânsito, depois de um dia exaustivo de trabalho, e escuta, em tom de acusação, um “mas não tem nada pra jantar?” , o que você quer é esganá-lo! E quando, tentando se controlar, você diz que não teve tempo e pergunta porque o “outro” não fez nada, e ele responde, com ar de quem acha a pergunta um absurdo, que isso é coisa de mulher, você começa a questionar como, afinal, é possível conviver com um ser desse.
E não é só o jantar… É a tampa do vaso que ele não abaixa, é a toalha molhada na cama, é a pia do banheiro imunda, é a briga pelo controle remoto, é a bagunça na casa toda, é ele achar que tudo é obrigação sua, porque, afinal, você é mulher… E é mais… São os amigos insuportáveis que ele tem, a mania de criticar, o apoio que ele dá a quem não deveria, o fato de parecer não “te escutar”, não te entender e, sobretudo, de nunca pedir desculpas. É tudo isso e muito mais.
Mas, o que fazer diante desse “muito mais”? Uma escolha… Você vai ter que escolher se quer ou não conviver com essa pessoa, e antes que “parta pra outra”, aviso logo: a mudança será só de endereço, porque, em maior ou menor grau, todo mundo vai discordar sempre, e não tem como ser diferente.
Pra conviver você precisa saber exatamente o que esperar do outro, e aceitá-lo como ele é, caso contrário a convivência se tornará um caos e, pouco a pouco, a relação acaba indo pelo ralo. Falando em “saber o que esperar do outro”, é muito importante que esse “outro” saiba exatamente o que esperar de você, e pra isso você precisa mostrar realmente quem é, porque aí ninguém vai poder jogar nada “na cara” de ninguém.
É claro que, pra conviver, precisamos fazer concessões, entrar em “acordos”, e isso exige maturidade, já que ninguém quer “dar o braço a torcer”. Mas, sem esse jogo de cintura não há relacionamento que funcione!
Eu, por exemplo, tenho um acordo ótimo com namô, um acordo que, com certeza, já evitou muitas brigas. Eu sou leonina, “avoada” e bagunceira. Ele é virginiano, detalhista, metódico e organizado. A convivência desses seres opostos só é possível da seguinte forma: eu não posso me irritar com a obsessão dele em arrumar as minhas bagunças (isso é TOC, só pode!), e ele não pode se irritar com a minha desorganização. Além disso, sempre que vou pra casa dele fico proibida de entrar na cozinha por questões, segundo ele, de segurança, já que, da primeira vez, tinha massa de bolo no teto, formiga por todo lado e o fogão quase pegou fogo.
É dizer, pra conviver, você precisa conhecer e aceitar as limitações do outro, e vocês precisam entrar em um “acordo”, senão não tem como fazer a coisa funcionar!
Beijos
Ju