Dos países que conheço, Portugal é um dos que mais amo, fico imensamente feliz em ter tantas leitoras de lá e amei muito ter escrito a Crônica da Virada do Ano pra revista portuguesa Júlia – De Bem Com a Vida, da apresentadora Julia Pinheiro.
A Crônica da Virada do Ano na Júlia
Pra quem ainda não conhece, a Júlia é escritora e tem um programa matinal diário na SIC, lá em Portugal, o Queridas Manhãs, e sua revista foi considerada pela Digital Magazine Awards a segunda melhor do mundo.
Adorei o convite, porque escrever é a coisa que mais gosto na vida, porque o projeto é muito bom, a Júlia é maravilhosa e é incrível poder ficar ainda mais perto das minhas leitoras portuguesas e ver meus textos chegando tão longe.
A ideia era falar um pouco do ano novo, as curiosidades da virada por aqui, o que vestimos, comemos, fazemos, e as superstições e crenças mais comuns pra mim. Coloquei a crônica na imagem abaixo, mas é bem melhor ler lá na revista, que é super fácil de manusear e tem muito conteúdo bom.
Pisquei os olhos e já era dezembro… Esse ano passou rápido, né? Foi um sopro, como todos os outros, aliás. E agora tá na hora de limpar a casa e alma pra esperar o ano novo, esse livro em branco que daqui a pouquinho chega em nossas vidas.
Sempre começo dezembro com uma faxina, daquelas que duram quase um mês inteiro, porque eu, tão partidária das mudanças, bem sei que não dá pra começar nada novo de verdade guardando, sabe lá pra quê, tantas coisas que não servem mais.
É hora de tirar roupas, sapatos, acessórios e tudo aquilo que a gente já não usa, que não nos representa mais. Mas, mais que isso, é hora de olhar pra dentro e ver, sem medo, o que não cabe mais.
E não é fácil não, eu bem sei, mas quase nada é tão sufocante e paralisante quanto manter na vida coisas que não fazem mais sentido, histórias que foram lindas sim, mas que não servem mais, fatos, pessoas, sentimentos e situações que, por algum motivo, precisam deixar as nossas vidas.
Se não fizermos isso, acabamos paralisadas, estagnadas, presas em um passado que deixou de fazer sentido, em um presente que não é o que deveríamos estar vivendo, e construindo um futuro que, nem de longe, é o que sonhamos pra nós.
E pra que isso não aconteça mais, eu te convido pra “faxina de dezembro”, para aquele momento em que a gente empacota e tira da vida tudo o que trava o riso, que sufoca, que, enfim, “não dá” mais.
Vai dar medo sim. Você vai ficar insegura e sem chão um milhão de vezes, porque é isso o que acontece quando a gente “solta” o passado, o que é cômodo, o que é seguro. Mas, não dá pra ter uma vida nova estando presa a um passado, qualquer que seja ele, que já não faz mais sentido. É hora de soltar, de abrir espaço, de deixar ir, porque o novo só chega quando o velho vai embora.
Bora, tira a tralha toda, se dê essa chance, menina..
E quando começar a tirar as peças que não servem mais, tire também pessoas, relacionamentos e sentimento que, por mais incríveis que tenham sido, “não são” mais. Só guarde o que te faz feliz e não finja, nem por um segundo, que aquela peça, pessoa ou situação, ainda te servem quando você sabe, bem lá no fundo, que não dá mais.
Sabe aquela mania que a gente tem de guardar uma coisa porque ela pode ser útil algum dia, porque a gente pode precisar ou porque, sei lá, ainda vai dar pra usar? Não guarda não, se ela não te serve agora, não tem que estar com você. E isso vale pra tudo, viu?
A gente só deve ter amigos que saibam ser, ter amores que nos amem também, só deve construir e manter relações onde existam trocas que façam sentido, que façam bem. Já passou da hora de parar de viver para o outro, de parar de tentar agradar.
A gente precisa viver pra gente, para o que é de verdade, para a nossa verdade. A gente precisa viver.
E pra viver de verdade a gente tem que soltar tudo aquilo que não serve mais. Tem que deixar viver o que precisa viver, e morrer o que precisa morrer. E tem que fazer isso agora, perdoar o outro e a si mesmo, e seguir em frente.
Então, limpa tudo, a casa e alma, abre espaço, e deixa a vida nova entrar. Mais que libertador, é transformador, garanto!
Beijos, Ju♥
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Beleza não tem idade. Nunca teve. Mas nós, infelizmente, fomos criadas acreditando em beleza com prazo de validade, como se depois de uma certa idade fosse impossível encontrar algo de belo ali. E aqui.
Sempre acreditei em beleza de dentro pra fora, naquela coisa mágica que tem muito mais a ver com o nosso estado de espírito que com qualquer outra coisa. E, até por isso, venho encarando o passar dos anos com serenidade, tentando fazer dele um aliado, não um inimigo.
Mas, confesso, pensar assim é como ir contra a maré, sabe?
Não, beleza não tem idade!
Não bastassem todos aqueles padrões de beleza com os quais somos bombardeadas todos os dias, as capas de revista, os filmes, as campanhas publicitárias e todo o resto transmitem, de forma clara ou velada, a mensagem de que depois de uma certa idade nós podemos ser muitas coisas, exceto bonitas.
Não que eu me preocupe com isso, mas são padrões demais. E todos errados, porque assim como não dá pra encaixar a beleza em um padrão, não dá pra encaixá-la numa idade, porque beleza, mas beleza de verdade, tem um quê de mágica que a gente não consegue definir, que dirá “encaixar’.
E é por isso que te digo, com absoluta certeza, que tudo isso é um equívoco, e que não, beleza não tem idade, porque quando olho no espelho hoje, com 34, vejo muito mais beleza que há 10 anos atrás.
Tem muito mais vida aqui dentro. Tem muito mais histórias em cada uma dessas linhas que surgem no meu rosto. Mais experiências também. Tem mais alegrias, mais amor, mais força e mais ternura, sobretudo por mim mesma. Tem mais confiança, muito mais. E segurança também.
E tudo isso me deu muito mais leveza. E beleza.
Não aquela beleza vazia dos traços perfeitos. Não, essa é de outro tipo, não está no potinho e dinheiro nenhum pode comprar. É aquela beleza que vem de não sei onde e irradia. Aquela de quem aprendeu a se adorar demais.
Beleza de quem não tem vergonha nem esconde seus supostos “defeitos”. De quem não se desculpa por eles, como, sim, já fiz um dia. De quem aprendeu, dia após dia, durante muitos anos e a duras penas, a se respeitar, a se amar de dentro pra fora.
Beleza que o tempo, ao deixar tantas marcas diferentes, não diminui, só aumenta. Beleza de quem não só se sente, mas “se sabe” bonita. Bonita demais.
Essa beleza não tem idade não, e é ela, justamente ela, que quero ver, sempre, em cada uma de nós.