Ontem a Ju Poloni compartilhou no Face a matéria da menina que foi agredida na escola até desmaiar por, supostamente, ser bonita, e aquilo me deu uma agonia tão grande que demorei horas pra dormir.
Eu não sei se todo mundo tem real dimensão do que isso significa, mas vou dizer o que acho…
Tempos atrás escrevi um post aqui (Ser Bonito Virou Obrigação) falando do absurdo que era a pessoa ser “linchada” na timeline do Facebook por ser “feia”, por estar fora dos padrões ou por, enfim, não agradar o gosto alheio.
Se o feio te incomoda, o problema é seu. Você tem o direito de achar isso? Claro. Mas não tem, nem de longe, o direito de fazer disso uma arma pra atingir o outro, porque isso é mais que feio, é nojento.
Contudo, é o que mais a gente vê por aí, e, pior, vindo de mulheres adultas e não de menininhas de 5ª série. Mulheres essas que deveriam estar cuidando de suas vidas, de seus filhos, trabalhando e construindo um mundo melhor, mais generoso. Mas não, o melhor, pelo que se vê, é externar todo ódio pela feiura alheia numa tentativa inconsciente de esconder a própria, tanto interna quanto externa.
Pois agora o problema não é apenas ser feio. É ser bonito, é ser popular, é ser rico, é fazer sucesso. O problema, na verdade, é ser qualquer coisa que o outro não consiga ser, simples assim.
Tom Jobim, décadas atrás, alertou que no Brasil sucesso era ofensa pessoal, e ta aí uma grande verdade, porque basta que a pessoa se destaque, por qualquer motivo, pra que se transforme em “ameaça” pra uma parcela enorme de gente que ao invés de tomar vergonha na cara e ir buscar crescer, melhorar, batalhar, realizar os próprios sonhos e ser gente de verdade, resolve simplesmente atacar o outro.
E esse ataque feroz, nas redes sociais e na vida real, expondo e humilhando as pessoas, é uma das coisas mais degradantes que já vi. Onde é que nós, como seres que se dizem humanos, vamos parar? E a que ponto nós chegamos como sociedade?
Chegamos ao ponto em que adolescentes estão sendo atacadas dentro das escolas por serem bonitas ou inteligentes, e outros adolescentes e, pior, adultos, assistem a tudo inertes, sem fazer nada a não ser “gravar” pra espalhar pela internet num verdadeiro show de horrores.
Chegamos ao ponto em que mulheres, mães de família, ao invés de educarem os seus filhos, ensiná-los a ter amor, compaixão, empatia e respeito pelo próximo passam seus dias a destilar veneno nas redes sociais, apontando e rindo dos defeitos alheios, apedrejando as pessoas, num verdadeiro escarneio público, numa tentativa, quem sabe, de mascarar as próprias falhas e defeitos, a vida vazia que devem levar.
Chegamos ao ponto em que a inveja, aquele desejo incontrolável de destruir o outro, a beleza do outro, o sucesso do outro ou seja lá o que for, se transformou em instituição, e eu só espero que nenhuma de nós façamos parte dela!
Beijos e bom final de semana!
Ju