Uma pergunta bem comum por aqui é se precisa usar condicionador depois da máscara.
Será que precisa ou é treta pra vender mais produtos?
Bom, vamos por partes, porque pra responder isso é preciso entender qual a função do condicionador e da máscara!
Máscara e condicionador são a mesma coisa?
Como já expliquei aqui anos atrás, máscara e condicionador são produtos diferentes, já que suas funções são diferentes e a concentração de ativos também.
Contudo, são bem parecidos em alguns aspectos, como na presença de cargas positivas e no pH mais baixo, mais ácido, o que garante maior “selamento” das cutículas (sim, essa expressão é equivocada, mas é de fácil entendimento, então vai ela mesmo.
Em relação a produção, a maior diferença é que as máscaras possuem (ou deveriam possuir) uma concentração maior de ativos, enquanto o condicionador possui uma concentração menor.
Teoricamente é isso aí, só que na prática a teoria é outra, porque não são poucas as máscaras e condicionadores que não possuem o pH tão baixo quanto deveria, e isso faz toda a diferença, já que resulta num cabelo mais “desequilibrado” e, consequentemente, vulnerável.
Pode substituir um pelo outro?
Em regra, não. Mas depende rs.
Já substituí em vários momentos, com produtos diferentes e aprendi, na experimentação, bastante coisa.
E a base de tudo é o pH dos produtos, coisa que rarissimos fabricantes informam
Ah, a Bio Extratus informa o pH de tudinho nas embalagens, tá? Orgulhooooo! rs
Outra coisa importante sobre essa substituição é que a máscara atua para combater uma (ou algumas) necessidade pontual do seu cabelo, a depender dos ativos de tratamento, mas a finalização da lavagem/tratamento é feita, em regra, pelo condicionador.
O condicionamento e o chamado “fechamento das cutículas” são os passos finais do tratamento e isso você obtém principalmente através de bons condicionadores.
Precisa usar condicionador depois da máscara?
Em regra sim, já que o último produto utilizado na lavagem deve ter o pH mais baixo.
No caso da Bio Extratus, por exemplo, que é como consigo ver o pH de tudo, o do condicionador é sempre menor que o da máscara.
E o pH mais baixo sela e alinha as cutículas, o que faz com o que cabelo seque com o caimento e a aparência muito melhor.
Acontece também de algumas máscaras terem o pH super baixo, bem mais baixo do que o aceitável, e são geralmente aquelas que amolecem super os fios, sabe?
Nesse caso precisa usar um condicionador depois pra equilibrar o pH do cabelo.
Falo isso porque usei, anos atrás, uma máscara de pH bem baixo (3.0) no lugar do condicionador e com o tempo percebi que o cabelo foi ficando fraco e com a textura estranha, o que só melhorou quando reequilibrei o pH do cabelo.
É assim com todo cabelo? Não! Cada cabelo é uma sentença, e você precisa testar pra ver o que funciona no seu.
Ultimamente tenho recebido muitos questionamentos sobre a parafina líquida, o petrolato e o óleo mineral em produtos capilares, além dos sulfatos, e aproveitei pra pesquisar um pouco e buscar informações em fontes confiáveis, ou seja, com químicos e dermatologistas.
Pra começar, é preciso esclarecer que, tecnicamente, petrolato não é o mesmo que parafina e óleo mineral. Mas, como a função deles nos produtos capilares é basicamente a mesma, vamos tratar todos como uma coisa só, com as devidas ressalvas.
Petrolatos, parafina líquida e óleo mineral
O petrolato (petrolatum nos rótulos dos produtos) é um derivado do petróleo, assim como a parafina líquida, a parafina sólida, a cera e o óleo mineral, dentre outros, que, nos cabelos, tem a função de lubrificar, proteger os fios das agressões térmicas e criar um filme de proteção ao redor do fio para, supostamente, “segurar” a hidratação
E é aí que começa o problema, porque sustenta-se que esse filme protetor vai se acumulando nos cabelos, impedindo, assim, que os ativos de tratamento cheguem ao córtex dos fios, o que deixa as madeixas opacas e sem brilho, dentre outras coisas. Alega-se, ainda, que em muitos casos o acúmulo é tão grande que a remoção dessa substância só pode ser feita com shampoo antirresíduos.
Só que a coisa não é tão simples como parece, mas vamos por partes.
É fato que a parafina líquida, o petrolato e o óleo mineral (e também os silicones) formam um filme ao redor dos fios, assim como qualquer outra substância oleosa, inclusive os nossos amados óleos vegetais. Esse filme protetor vai impedir que o fio do cabelo perca água para o ambiente, ou seja, ele vai reter a “água”, vai manter a hidratação, e isso é uma coisa boa, lógico.
Existem estudos, inclusive, que comprovam que os petrolatos são mais eficientes em evitar a perda de água que os óleos vegetais, e, olhando por esse ângulo, eles seriam bons. Acontece que os petrolatos (óleo mineral, parafina líquida, etc) não possuem nenhum valor terapêutico, não tratam o fio do cabelo, já que não possuem nenhum nutriente, então eles não servem como tratamento, ao contrário dos óleos vegetais.
Não é tão simples como parece….
Só que isso não significa que um produto capilar que contenha petrolato/parafina/óleo mineral não preste, porque tudo vai depender da composição, vez que, em muitos casos, essas substâncias são utilizadas como um “veículo” para os ativos de tratamento.
Então, se o produto tiver petrolatos, mas também uma concentração boa de ativos de tratamento, uma composição balanceada, que realmente tenha potencial de tratar o cabelo, não é a presença da parafina (ou de algum outro derivado de petróleo) que vai impedir isso.
O problema maior, pra mim, não é a presença de petrolatos, mas a ausência, na imensa maioria dos produtos, de bons ativos em concentração suficiente para realmente tratar os cabelos, e aí, nesse caso, o produto vai dar aquela “maquiada” básica e nada mais. Entende a diferença?
A grande questão não é a presença dos petrolatos, mas o seu uso como “tratamento”, porque isso ele jamais será, bem como ausência de ativos que realmente consigam tratar os cabelos, como expliquei nesse post aqui.
Quanto a alegação de que os petrolatos vão se acumulando nos cabelos a ponto de impedir a penetração de ativos de tratamento, não encontrei nenhum estudo científico comprovando isso, e conversando com o Anderson, que é químico, ele explicou que mesmo que os petrolatos não sejam solúveis em água, os tensoativos presentes nos shampoos conseguem sim removê-los.
Minhas impressões
Aleguei que quando usava rotineiramente muitos produtos com petrolatos, sobretudo aqueles bem baratinhos, que não possuem quase nada de ativos, sentia que os fios ficavam mais pesados e opacos, como se realmente tivesse um acúmulo maior ali, e ele disse que se o produto tem uma quantidade muito grande de petrolatos e eu sinto esse “peso”, devo usar uma quantidade menor do produto (porque ele é “pesado” mesmo) ou suspender o uso, porque ele não se adequou ao meu cabelo, pois, como acontece com todo tipo de produto, tem cabelo que reage bem e tem cabelo que não reage.
O que percebo, e isso não tem nada de científico, é experiência do dia a dia mesmo, é que nas épocas em uso mais o pré shampoo não noto tanto esse “peso” (e acúmulo), assim como nos últimos tempos, em que tenho usado shampoos para cabelos oleosos e uma quantidade menor de finalizadores.
Mas, acredito que meninas com cabelos mais finos, as que usam muitos finalizadores com petrolatos, bem como as que são partidárias do no poo/low poo tenham mais problemas com essa substância, porque, via de regra, ela deixa os produtos um pouco (ou muito) mais pesados que os produtos que contém apenas óleos/manteigas vegetais.
Outra coisa que vale ressaltar é que a alergia de contato aos petrolatos é uma realidade, então é preciso saber se você tem ou não alergia a essa substância, já que ela é largamente utilizada em produtos cosméticos devido ao baixo custo, mas também porque ela não interfere nas características organolépticas e possui uma consistência que praticamente não se altera, o que é bem importante na produção dos cosméticos.
Usar ou não?
Quanto a mim, em relação ao cabelo, não tenho problemas em usar produtos com petrolatos, desde que meus fios respondam bem, porque quem manda aqui são eles rs, mas é claro que prefiro produtos que, ao invés deles, tenham óleos e manteigas vegetais, que tratam os fios, que são mais naturais e não geram um impacto ambiental tão grande quanto os derivados de petróleo.
Mas isso é a minha opinião, é a minha experiência, é o que funciona pra mim, e você, só você, pode saber, através da tentativa e erro, o que funciona melhor pra você. E o que funciona melhor pra você é o que você deve usar!
Isso pode parecer estranho pra muita gente, mas é fato, comprovado por diversos estudos, que muitos medicamentos causam alterações nos fios. Sim, existem remédios que alteram a cor e também a textura dos cabelos, e muitos são de uso corriqueiro, frequentemente prescritos para vários problemas de saúde.
É comum notar essas mudanças de forma mais intensa em pacientes que passam por quimioterapia, e lembro que um montão de gente achou estranho quando o Reynaldo Gianecchini surgiu com os fios cacheados e mais crespos após o tratamento do câncer, mas tem que fique com o cabelo bem fininho e liso, então varia muito de pessoa pra pessoa.
Remédios que Alteram a Cor e a Textura do Cabelo
Nesse caso, de acordo com publicações do British Journal of Dermatology, essa mudança estrutural no cabelo acontece porque a região mais afetada pela quimioterapia, no caso dos cabelos, é a matriz, que é a responsável pela espessura e simetria da fibra capilar. Assim, um cabelo que era liso pode se tornar cacheado, o que era fino pode se tornar grosso e vice-versa. Isso, claro, sem falar nas alterações causadas na cor dos fios, que também podem acontecer.
Mas, vários remédios comuns no nosso dia a dia podem causar alterações na cor e na textura dos cabelos, e, de modo geral, as alterações são divididas em quatro: as que deixam os fios mais claros ou grisalhos, as que escurem os cabelos, as que deixam os fios mais ondulados e/ou grossos, e as que deixam os fios mais lisos e/ou finos.
Retinoides, acitretina e minoxidil, por exemplo, podem escurecer os cabelos, assim como o verapamil, a bromocriptina, a carbidopa, o diazóxido, os estrogênios, o tamoxifeno e alguns medicamentos usados no tratamento do HIV (zidovudine e indinavir), dentre outros.
O althesin, o peróxido de benzoíla, a cloroquina, o etretinato, o interferon (alfa), a mefenesina e o triparanol, ao contrário, podem clarear ou deixar os fios grisalhos. E isso sem falar nos shampoos de cetoconazol, muito usados para tratar a caspa, que também clareiam os cabelos em alguns casos. Na bula deles, inclusive, vem a informação de que eles podem descolorir os fios, o que acontece mais facilmente em pessoas com cabelos grisalhos ou que possuem algum tipo de química capilar.
Já o lítio e o interferon tendem a deixar os fios menos ondulados, mais lisos, enquanto o valproato, os retinoides e o indinavir tendem a ter efeito contrário, deixando os fios mais ondulados.
Fonte: Tosti A, Pazzaglia M. Drug reactions affecting hair: Diagnosis. Dermatol Clin. 2007;
O excesso ou a falta de hormônios também interfere muito nos fios, assim como muitos antidepressivos, as pílulas anticoncepcionais, sobretudo as que têm progesterona, o ibuprofeno (é um efeito secundário raro, mas existe), alguns ansiolíticos e antipsicóticos, que podem, também, causar a queda dos fios, como expliquei nesse post aqui.
Na maioria dos casos esses efeitos cessam quando o uso do medicamento é suspenso, mas é importante saber que isso pode acontecer pra conversar direitinho com o médico, sabe?
Pra quem tiver mais interesse no assunto, vale dar uma lida no artigo escrito por Tosti e Pazzaglia no Journal Dermatologic Clinics. O título é Drug reactions affecting hair: Diagnosis, e ele é de 2007.
E se alguém já notou algum efeito parecido com algum outro medicamento, divide aí com a gente!