Uns dois anos atrás eu, que vinha me orgulhando do tanto que me tornei corajosa, mergulhei tão fundo em mim que encontrei medos que não imaginava ter. Pior: travei, fiquei sem saber o que fazer, muito menos como resolver.
Porque eles não eram apenas imensos e assustadores. Eram profundos e, de muitas formas, sem que eu me desse conta, controlavam muitas partes minhas…
E eu nem via.
Já sentiu medo de perder o que você, no fundo, não tem? Eu já.
Já manteve em sua vida pessoas que já não tinham que estar ali, simplesmente porque era mais confortável não ter que assumir isso? Pois é, eu também.
Já fechou os olhos pro óbvio e sustentou situações insustentáveis, empurrando com a barriga sem sequer questionar o porquê disso?
Eu me vi fazendo tudo isso e muito mais, e desviando o olhar pra não ter que encarar um medo que, até então, não sabia que tinha. O medo de ficar sozinha.
Oi? Mas logo eu, que sempre convivi tão bem comigo, que não só gostava e precisava, mas buscava ficar sozinha?
Sim, sozinha, mas tendo distração nas prateleiras para quando precisasse desviar a atenção do que doía.
O problema não era o “sozinha sem o outro”. Era o sozinha com minhas culpas, minhas dores, meus fantasmas.
Com o tanto que já fui cruel comigo, condenando sentimentos e sensações tão humanas, mas que escondemos tanto. Com as incontáveis vezes em que o meu sim deveria ser um não. Com as máscaras que, primeiro, aceitei, depois eu mesma coloquei pra evitar atrito, pra ser elogiada, amada, enfim.
Com a violência de ter guardado, durante anos, a maior parte do que era verdadeiro, real, honesto e humano em troca da recompensa da pseudo aceitação do outro. De tantos outros. De todos os outros. Exceto a minha.
E esse medo trouxe consigo uma coisa que nunca, em nenhum momento da vida, soube lidar: a dor.
E, Deus, como doía…
Só que dessa vez, ao invés de passar por cima pra não ter que sentir a dor, já que me anestesiar era muito mais fácil, me permiti sentir até a última gota.
Porque, não tem pra onde correr: somente o que toca a sua ferida é o que pode te curar. E eu queria, mesmo apavorada de medo, tirar tudo aquilo de dentro de mim. Queria me livrar dos medos que não precisava nem deveria ter.
Queria, não só na superfície, mas lá no fundo, não ser dependente de aceitação externa. Queria não só entender quem eu fui no passado e quem eu tinha me tornado naquele momento, mas me dar o direito de ser quem eu realmente era, com todos os meus defeitos e qualidades, sem medo do julgamento, do não acolhimento.
E mesmo com medo, com muito medo, me prometi olhar e curar cada uma das tantas culpas e dores, não me condenar por tudo, ser honesta com o que sinto e sou e nunca mais me violentar por nada nem por ninguém.
Nesse processo, “perdi” muitas coisas que, na verdade, não tinha, cortei situações e relacionamentos, me afastei de muita gente e, claro, muita gente também se afastou.
Tudo isso doeu e assustou. Mas passou.
E, um passo depois do outro, deixei pra trás não só toneladas tóxicas de lixo emocional, mas quem eu achava que deveria ser pra me tornar quem eu realmente sou.
E esse é um processo que parece não ter fim. Mas que bom que “acordei” a tempo e me permiti fazer isso por mim…
Psiu! Pra ler mais posts como esse é só clicar aqui!
Beijos, Ju♥
Vamos papear mais? Então vem comigo pro Instagram ⇒ @jurovalendo @mulherde30