Tava quase dormindo ontem quando o celular começou a vibrar e fui olhar o que era. Como era um aviso do Face e o sono ainda não tinha tomando conta, fui ler e acabei passando a madrugada agoniada.
A Mi, uma leitora aqui do blog, me marcou no Face de uma outra blogueira que fazia um desabafo sobre uma leitora que enviou um e-mail falando que ela ficava feia sorrindo e que ela deveria usar aparelho.
Comentei lá e fiquei pensando nisso, mas não pela falta de educação de mandar um e-mail pra quem você sequer tem intimidade e pedir pra pessoa parar de sorrir (oi?), e sim pela patrulha infantil, burra e irresponsável da perfeição.
Sim, hoje existe praticamente a obrigação de ser lindo e perfeito, e caso você não seja, e ninguém é, será digno de linchamento em praça pública, ou melhor, na Timeline do Facebook.
Que coisa mais feia e vazia apontar o outro e bradar um “você é feio”! Posso aceitar isso de meninas na pré-escola, mas não de mulheres adultas.
Juro que o meu problema não são as críticas pesadas e grosseiras sem fundamento, porque sei que gentileza e educação são coisas que andam em falta (já falei sobre isso nesse post: Recalque e Grosseria: Os Dois Lados da Mesma Moeda). O que me preocupa, de verdade, é essa obrigação de ser lindo e perfeito 24 horas por dia, porque imagino o quanto de frustração as pessoas carregam dentro de si por jamais conseguirem o que desejam: a perfeição.
Nós somos bombardeados de todos os lados, todos os dias, com imagens de mulheres supostamente perfeitas (e viva o Photoshop!), com dentes perfeitos, corpos perfeitos, cabelos perfeitos, rostos perfeitos e uma vida perfeita, e acabamos acreditando que aquilo é real. Pior, acabamos, inconscientemente, querendo aquilo pra nós e cobrando isso dos outros.
Uma pena, já que nada disso é real. Nada.
Portanto, para o seu próprio bem, caia na real e pare de buscar, em si e nos outros, o que não existe. Melhor, se aceite como você é, porque isso sim é incrível. Quer mudar algo ou quer melhorar algo? Não vejo o menor problema, desde que isso não seja encarado como pressuposto pra felicidade, porque não é.
Nunca, em toda minha vida, quis ser perfeita, porque, na real, nunca fui a mais bonita (já fui bemmm esquisita, aliás…), e isso nunca fez a menor diferença na minha vida, porque o que sempre quis foi viver muito e viver bem. Eu sempre quis ter amigos, ter histórias, ser feliz, e isso não tem nada a ver com beleza.
Lido bem com o fato de ser bicuda, de ter bochechas enormes, acho engraçado meus dois dentinhos de Cascatinha (eles são tortinhos embaixo!), dou risada do meu “pé de pato”, da minha “falta de jeito” e não me importo nem um pingo em ser super desastrada.
Nunca fui magra e isso já me incomodou muito sim, e me incomoda um pouco, mas não é um problema e nunca me impediu de viver e de ser feliz, que é o que, pra mim, importa. Nunca. Eu vivi muito, e continuo vivendo. Eu amei muito, e continuo amando. Eu fui muito amada, e continuo sendo. Eu tive muitos amigos, e continuo tendo.
Vivi coisas ruins? Várias, mas isso acontece com todo mundo. Todo mundo é rejeitado uma vez na vida (ou várias!), todo mundo é traído, todo mundo é enganado, todo mundo tem perdas, todo mundo comete erros, e isso independe de beleza.
E se tudo o que é importante independe de beleza, pra quê essa neurose toda em torno disso? O tempo que se perde buscando o impossível, a perfeição, as pessoas deveriam estar “gastando” pra viver, porque quase nada é tão triste quanto uma vida pobre em experiências, em vivências, em amores, em histórias.
Ninguém precisa ser lindo pra ser incrível, ninguém precisa ser perfeito pra ser feliz, então pare de apontar o dedo, pra si e para os outros, e trate de fazer o óbvio: viver muito bem e ser, sempre que possível, muito feliz!
Beijos
Ju