Faz tempo que perdi o ânimo pra ler revistas e blogs de moda, com raríssimas exceções, porque tudo aquilo me parece muito fora da minha realidade, porque tenho preguiça dessa loucura de “tem que ter” e, sobretudo, porque o “pode ou não pode” me faz perder a paciência.
O que pode é o que você quiser usar, o que te faz sentir bem e ponto final. Nenhum outro critério pode, sequer, ser sugerido, porque é o seu corpo, são as suas roupas, as suas escolhas, e ninguém tem nada a ver com isso.
Pois é, não deveria ter, mas, pelo visto, tem sim. E não tô falando mais de revistas e blogueiras de moda não, porque a coisa já ultrapassou os limites e agora, sem generalizar, claro, até vendedoras de loja acham que podem decretar o que você pode ou não vestir, o que fica ou não fica bem em seu corpo. Pior, sem que você pergunte.
É, minha gente, a síndrome de dona Maricota, que passa a vida na janela cuidando e opinando sobre a vida alheia, alcançou novos patamares.
Digo isso porque essa semana passei por uma situação, digamos, engraçada, e quando compartilhei lá na Fan Page vi que a coisa é muito pior do que eu, inocente, imaginava.
Entrei numa loja e fiquei olhando algumas peças quando uma saia midi com preguinhas chamou a minha atenção. Chamei a vendedora, que nunca tinha visto antes, e perguntei se aquela saia tinha em mais cores e na minha numeração. Ao invés de responder a minha pergunta, ela pegou a peça e disse que eu não deveria usar aquele tipo de saia porque não iria valorizar o meu corpo. Não satisfeita, foi além e disse que quem tem quadril largo não pode usar saia com pregas, e quem é baixinha não pode usar saia midi, porque corta o corpo e fica “feio”.
Se fosse num outro dia eu teria dado as costas e saído, mas nesse dia estava fazendo muito calor e eu realmente não me segurei… Delicadamente e sem alterar o tom de voz, eu fiz o seguinte questionamento:
– Eu te fiz alguma pergunta sobre o tipo de roupa que eu deveria usar, sobre o que fica melhor ou pior no meu corpo? Eu pedi a sua opinião? Eu perguntei se tinha a minha numeração e quais eram as cores disponíveis, e ao invés de responder o que eu perguntei, você acha que pode dizer o que eu posso ou não posso usar? Eu uso o que eu quiser, e não vou dizer o que você deveria fazer com a sua opinião porque não tenho paciência pra desenhar.
Depois disso dei as costas e saí, e acho sim que fui “grossa”, mas cansei de ter educação com gente sem noção, porque isso pra mim é falta de noção, é invasão, sabe? Como assim que uma pessoa que eu não conheço, que não pedi a opinião vem dizer o que eu posso ou não usar, gente? Até onde sei, é o meu corpo, e no meu corpo eu posso e devo usar o que eu quiser, o que tiver vontade, o que me fizer sentir confortável.
Sinto informar, mas quem tem que gostar do que estou usando (ou quero usar) sou eu, e se isso incomoda a quem quer que seja, o problema não é meu.
Claro que todo mundo tem “pontos fracos” ou coisas que não gosta em si mesmo, e não tem nada demais querer disfarçar isso e valorizar os chamados “pontos fortes”. Eu, por exemplo, sempre quero coisas que me façam parecer mais alta e disfarcem meus bracinhos gordinhos, mas não vou deixar de usar camiseta ou saia midi por causa disso, e não posso permitir que um estranho venha dizer que não posso usar o que eu quero usar porque, na sua opinião, vai ficar feio.
Essa é uma decisão minha, é uma escolha minha, e a menos que eu peça a sua opinião, você deve guardá-la pra si. Foi isso, aliás, que aprendi ainda pequena, como uma daquelas lições básicas de educação. Fica a dica!
Beijos, Ju♥